Quatro meses de isolamento social e como eles passaram

O DIA DOS QUATRO MESES DE ISOLAMENTO SOCIAL

O dia amanheceu frio, nublado e chovendo, atípico para o clima da Grande Vitória, e com ele veio um marco: hoje é o dia dos quatro meses de isolamento social. A tal da “gripezinha” já infectou oficialmente 2 milhões de brasileiros e já matou quase 80 mil – nos dois casos, os números são maiores. Nesse tempo, tenho visto o mundo do lado de fora.

Como é ficar em casa dia após dia, chegando a uma contagem que pode ser feita de várias maneiras? É difícil de explicar. Somos gregários e isso nos leva a querer companhia, conversar, rir, matar o tempo, andar por onde desejamos e, sobretudo, fazer tudo isso com tranquilidade. A pandemia não nos permite fazer nada disso, a não ser por meios tecnológicos, que não é a mesma coisa.

JUNTO COM A ESPOSA

Como todo mundo, tenho vontade de sair, ir para o calçadão, fazer coisas, encontrar amigos para um café e jogar conversa fora. Mas nada disso foi feito em 120 dias. Nas vezes que sai de casa – e foram muito poucas – foi para fazer exames e ir a um cartório, dar uma procuração para a venda de um veículo. No resto do tempo, estou em casa, eu e minha esposa.

O que faço? Escrevo, leio, vejo programas que me interessam na TV a cabo, no Netflix ou no Prime. Tenho usado o Youtube para musicais e apresentações ao vivo. Estou trabalhando em um website e em dois diferentes livros, um sobre a pandemia, a partir de textos que tenho publicado e outro, quase parado, sobre a vida em uma redação de jornal.

Tenho me exercitado, fazendo no mínimo 30 minutos diários de exercícios, incluindo os treinos que minha treinadora faz on line. Nos exercícios estão incluídas também as caminhadas feitas dentro de casa. Acompanho o noticiário nacional e internacional através da Internet e leio outros temas variados, que são do meu interesse, através do aplicativo Feedly. E tenho participado mais das atividades da casa.

DESEJO DE SAIR, RAZÃO PARA FICAR

Existem horas em que me angustio, penso em sair, seguindo o impulso, mas o refreio, adotando uma postura mais racional. Estou em um exílio voluntário que me impôs uma radical mudança de estilo de vida. O que ele me trouxe foi descobrir as pequenas coisas e que podemos levar a vida com muito menos. O isolamento está nos ensinado a nos concentrar mais no ser que no ter.

De certa forma estou repetindo o que sempre fiz: trabalho, lazer, atividades físicas, entretenimento, leituras, etc. Só que estão sendo feitas em uma nova perspectiva. E tenho o privilégio de fazer isso em uma casa confortável, que me oferece todas as facilidades da vida – conquistas ao longo do tempo.

Ah! E por fim tenho feito pães, uma atividade nova, que descobri durante a pandemia. Ela tem me ocupado o tempo e me dado prazer. Além disso, tem me ensinado paciência e a ser melhor observador para não errar no que estou fazendo, ver a massa se desenvolver e o pão ser assado. Às vezes, é mais rápido. Noutras, bem mais longa. Em cada uma das ocasiões, sempre há novo aprendizado.

TEMPO MUITO LONGO

Ao lado e ao mesmo tempo em que tudo ocorre, tenho pensado em como será o amanhã, como ele será mudado e como será nossa vida. Não sou o único, mas a verdade é que, hoje, ninguém sabe. Aliás, ninguém sabe como será o futuro. Como diz canção, ele “será do jeito que Deus quiser”.

Mas por achar que o futuro será diferente, é que tenho vivido o aqui, o agora, o presente, aproveitando-me das pequenas coisas, dos gestos carinhosos que recebo, do suporte que minha família me tem dado e, sobretudo, do indispensável apoio de minha esposa, companheira de uma longa viagem.

Não sei quantos dias mais este isolamento irá durar. O que sei é que estou vivendo uma experiência totalmente nova, que me fez mais participativo nas coisas da casa, mais observador, mais paciente e, tentando olhar para um lado bom, talvez saia da quarentena um pouco melhor que entrei nela.

Até que isso ocorra, vou continuar vivendo um dia de cada vez.

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