QUERO SABER. E AGORA!

Vivemos, nos dizem os entendidos, em um momento de transição, chegando, a partir de uma sociedade do conhecimento à sociedade da informação. A mudança se dá devido ao fluxo de informação, muito mais fácil do que antes, graças à Internet e aos mecanismos que ela nos oferece. Hoje, somos capazes de descobrir, em segundos, a mais obscura informação. E o Google está aí para não nos deixar mentir. Colocado no topo da Internet, os zeros e uns dos computadores do Google podem nos trazer todo e qualquer tipo de informação que buscados. Tente algo. E verá que existem centenas, milhares de páginas falando deste assunto.

Chris Anderson, que pode ser visto como um dos gurus desse novo tempo, acabou cunhando a expressão “cauda longa” para nos mostrar que, com a Internet, criamos uma cultura de nichos, onde tudo, mas tudo mesmo, tem seu espaço. Agora G. Kim Blank nos dá uma nova visão desse novo mundo que, aos poucos, vai nos envolvendo e que vamos descobrindo. O Google, não há dúvida – e Blank afirma isso textualmente – transformou-se no mais importante instrumento da grande web, nos levando aonde, antes, nunca pensaríamos chegar. Isso é bom?

Vamos alinhar, com a ajuda do articulista, alguns dos fatos relacionados a esta nova cultura. Primeiro, os mecanismos de busca mataram as enciclopédias, um dos maiores repositórios do conhecimento humano. É verdade que temos a Wikipedia, mas ela é, em todos os sentidos, bem diferente das enciclopédias que tínhamos antes. O avanço dos buscadores se deu, também, em relação aos livros de referência. Hoje, com a gama de informação disponível na Internet, eles são totalmente dispensáveis. A próxima onda, que já começou, é em relação aos livros. Eles estão deixando de ser físicos, transformando-se em eletrônicos e, neste caso, onde estão? No Google, é claro.

Os buscadores, de um modo geral, e o Google, em particular, mudou radicalmente a forma como encontramos as coisas. Na expressão de Blank, eles transformaram a Torre de Babel em fluxo de informação, catalogando-a e disponibilizando-a de forma bem mais clara quando solicitada. O que eles, os buscadores, nos deram foi a facilidade de encontrar as coisas, como já foi dito. E isso ocorre deste uma informação que seja fundamental ao mais irrelevante dos fatos. O que esta mudança está ocasionando? Um dos reflexos, sem dúvida, é ter a informação disponível quase que imediatamente.

Quer um exemplo? Você sabe quem é Mary Lamb? Se não sabe – e eu não sabia – qual o caminho a se fazer? Ir ao Google, é claro. Lá estão todas as informações sobre ela. E sobre mim – pelo menos o que é mais publico – e sobre você. Todos nós fazemos parte deste mar de informação e as suas pequenas peças são nos servidas através dos mecanismos de busca, com dominância total do Google. E tanto é assim que temos até um novo verbo “guglar”, para definir a procura de uma informação. Ou podemos chegar a uma nova expressão, cunhada a partir da original, de Bill Clinton, “Tá no Google, estúpido!”.

Esta mudança acabou nos levando ao imediatismo da informação. Eu quero saber. E quero agora!. Neste caso, o meio mais fácil é, mesmo, um buscador. E como o Google domina este mercado, a opção mais lógica é recorrer a ele. O que acontece, então? Primeiro, uma mudança, nos tirando da sociedade do conhecimento para nos colocar na da informação. E esta mudança acaba provocando outras transformações. Uma delas, como observa Blank, é que estamos ficando superficiais, abandonando um conhecimento mais profundo e nos contentando com os pequenos pedaços de informação que nos são fornecidos, que dão uma visão parcial, não total do que buscamos.

Antes, para nos informarmos tínhamos de adotar uma série de procedimentos, começando por identificar onde estava a informação que precisávamos. A partir daí, iríamos ler um vasto material, buscando as peças que formariam o todo. Isso demandava tempo e reflexão. Nós próprios é que formávamos o mosaico resultando da junção das peças que encontrávamos. Hoje, ao contrário, isso é feito pelos buscadores. Não mais precisamos de enciclopédias, não mais de obras referenciais e, daqui a pouco, não mais de livros.

O mundo da informação estará, cada vez mais, nessa torre de babel que é a Internet e a web. Se se quero achá-la, se quero saber, e quero saber agora, todos os caminhos nos levam ao… Google. No final, é onde todos nós vamos parar, ampliando o espaço da informação, dos nichos especializados e restringindo, cada vez mais, o espaço físico do conhecimento. Onde vamos parar? Sinceramente, não sei. Mas vivemos, não tenho nenhuma dúvida, uma encruzilhada. E amanhã será, tenham certeza, bem diferente do que o hoje é.

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