Se você abre os jornais – no Brasil e em outros locais do mundo – uma das notícias mais recorrentes é a diminuição dos empregos. Agora mesmo, no mês de abril, somente nos Estados Unidos mais de 20 mil empregos foram fechados. Atrás dos números, que são frios, existem pessoas. E elas dependem destas ocupações para se sustentarem e às suas famílias. Ao perdê-los, configura-se – pelo menos para elas – uma tragédia.
Há hoje em relação ao emprego um paradoxo. Se de um lado vemos mais e mais desempregados, de outro existem vagas disponíveis que não são ocupadas. é difícil de explicar como convivemos, ao mesmo tempo, com o emprego e o desemprego. A questão é que não existe – no Brasil e no mundo – gente qualificada suficiente para o preenchimento de postos de trabalho abertos, sobretudo por empresas de ponta.
De outro lado, para quem não é especialista, altamente educado, está cada dia mais difícil conseguir uma ocupação. O movimento econômico, que exige competitividade, que tem um dos seus principais componentes nos custos, nos traz maior automação, processos mais complexos e necessidade de especialização. Quem se enquadra, não tem problemas de conseguir um trabalho. Quem não o faz, fica a margem.
Zygmunt Baumann trata esses excluídos como “lixo humano”. E afirma que a perspectiva de quem esteja neste segmento saia dele são nulas. Até porque a quantidade de empregos disponíveis está ficando menor. Daí, entender que a civilização como a conhecemos hoje, além de todos os lixos que vem produzindo está criando também um lixo humano, colocando-o nos guetos e não lhe dando nenhuma esperança que uma possível prosperidade mundial o venha beneficiar.
No caso do Brasil, o que este movimento tem proporcionado é a informalidade. Sem emprego, a pessoa procura se virar e um dos meios de conseguir rendimentos é tornando-se autônomo, camelô ou arranjando uma atividade que va¡ lhe dar o mínimo indispensável à sua manutenção. A globalização está criando um contingente de excluídos, os sem emprego. E para eles não há mais esperança.
Sem instrução, com conhecimentos limitados, sem especialização e sem esperança de conseguir qualquer uma delas, a estes milhões de pessoas sobra a opção de se virar. Ou podem, como já fazem milhões no Brasil, esperar o Bolsa Família e com seus recursos pelo menos evitar a fome. Mas uma vez temos um paradoxo, com os empregados pagando para manter os desempregados.
13 Respostas
Lino,
é uma situação complicada, veja bem… a falta de qualificação hoje acaba impedindo muita gente de se empregar… por outro lado as pessoas se acomodam… e não se esforçam as vezes… é complicado… porque não existe uma regra geral… É preciso que haja uma conscientização das pessoas para se esforçarem mais… e também serem mais humildes… Se por um lado há o desemprego… por outro… há os que não zelam por seus empregos…
Beijos (Des)conexos!;)
Mundo cruel, né? Para você ter qualificação, você tem que ter dinheiro pra estudar, pra investir…
Se não tem, não consegue emprego para o sustento.
Dura realidade.
Bjo.
E a coisa só tende a piorar,LINO. Infelizmente.
Abraços!
Que maravilha minha descoberta: eu faço, só pra variar, da minoria de uma minoria de excluÃdos – é que eu sou autônoma, mas não ganho “apenas” pro meu sustento, e não quero, em hipótese alguma, voltar a fazer parte dos “incluÃdos” 😛 A merda toda é que eu sou feliz do jeito que estou… rs. 😀 E o Bolsa FamÃlia que seja devidamente enfiado no fiofó de quem o criou, né? Bjão, Sêo Lino!
É o negocio ta feio…
e o bicho ta pegando!!!
nada de emprego, nada de profissionais qualificados, nada de nada…
bjo!
Não sei de outros lugares, mas no Brasil existe uma máfia da pós graduação, onde empresas de RH vendem cursos para pessoas desempregadas, na promessa de arranjar-lhes empregos bem remunerados.
E as escolas, a maioria imensa das escolas de pós graduação, são caça nÃqueis de PÉSSIMA QUALIDADE a repetir o be a bá dos cursos de graduação e obviedades.
Fiz uma pós, em 90% da aulas eu sabia mais que o professor sobre o assunto, só não tinha o renome dele. E as aulas que valiam a pena, eram aquelas onde o professor trocava idéias, mas eram exceções. Custou caro e me valeu apenas o diploma, porque aprendi muito pouco, e não foi numa instituição qualquer, foi numa das maiores universidades do paÃs, aqui no Paraná.
E no mercado de trabalho eu devo dizer que as empresas nem de longe querem pessoas que pensem. O negócio é cobrar imagem (cada vez mais beleza e fundamental) e um cuirriculo cheio de tÃtulos, mesmo que eles não representam cultura alguma, porque o negócio é vender outra imagem, a de uma empresa com cabeças pensantes, mesmo que isso seja ficção.
Quem conhece os departamentos de jurÃdicos das grandes empresas sabe o que estou dizendo, os processos são cuidados de qualquer jeito e as empresas assumem os ônus de seus péssimos escritorios de advocacia, mas os mantém por serem bonitos e com renome…
Dizem que há muito emprego por aÃ, o que fala é gente capacitada. É uma equação difÃcil de resolver, já que estudar é algo que ninguém quer.
“…E sem o seu trabalho/o homem não tem honra/e sem a sua honra/se morre/se mata…” – Fagner.
Um forte abraço.
Dizem que falta profissional capacitado, mas até para os capacitados a coisa tá feia… bem feia!
Lamentável essa situação. Se falta qualificação vamos abrir postos pra qualificar as pessoas, se não criar opostunidades pra elas como vão conseguir algo?
Big Beijos
Acho que a questão consegue ser ainda mais complexa, pois a globalização não pode ser culpada pela taxa de desemprego.
Na minha ótica é o contrário que ocorre: a globalização permitiria a possibilidade de que um desempregado num ponto do planeta obtivesse possibilidades de trabalho noutro ponto. Que uma pessoa/recurso humano especializado num campo pudesse conseguir trabalho noutro local do mundo aonde a sua especialização escasseia deveria ser uma virtude da globalização.
No entanto, os lÃderes, achando que protegem aos seus, na realidade apenas limitam os benefÃcios do mundo global, criando leis de imigração absurdos e indignantes.
Veja-se o caso de uma pessoa que viveu no Brasil por longos anos da infância e que com o fim da formação superior quer voltar: pode não conseguir porque as leis brasileiras de imigração estrangulam essa possibilidade — a não ser que seja um empresário capitalista para quem as leis são totalmente distintas: então, temos um conjunto de imigrantes que investem os seus dinheiros e trazem consigo os seus recursos (humanos e financeiros) do paÃs de origem e temos as pessoas normais, como você e eu, que temos que sucumbir a impossibilidade de ser uma mão-de-obra especializada e de utilidade peremptória para o paÃs pelo simples fato de não ser nacional dele: que sucumba no seu paÃs no desemprego, mas que nem pense em sair dele para trabalhar (legalmente).
Esse é o absurdo! A globalização não pode ser a culpada, mas a má-gestão dos lÃderes…
Oi Lino!
Eu colocaria mais uma classe no rol dos excluÃdos: as pessoas com mais de 45 / 50 anos, que mesmo com excelente nÃvel não conseguem colocação porque já “passaram” da idade…
Ótimo post, parabéns.
beijos e bom fim de semana,
Concordo plenamente, Lino. Para mim há empreho, o que falta é qualificação.