O HOMEM AOS PEDAÇOS

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Novos órgãos, gerados de suas próprias células; desenvolvimento de animais transgênicos, inclusive com células humanas; engenharia genética como fórmula de prolongamento da vida; aumento do tempo de vida, mediante medicamentos desenvolvidos com base nas descobertas do nosso código genético.

Se você lê os jornais, vê os noticiários na TV ou acompanha as revistas noticiosas na certa já leu alguma coisa sobre todos estes assuntos. Mas o que é verdadeiro? O que está mesmo próximo de acontecer? São estas perguntas que o escritor Michael Crichton procura responder em Next, um dos seus últimos livros que tem como tema central a biogenética.

Nele o que temos – sempre baseado em fatos – é um pesadelo: médicos que retiram ossos de mortos para vendê-los, briga entre indústrias, jogo sujo nos negócios genéticos, especialistas que trapaceiam e se aproveitam ou se apropriam dos trabalhos alheios sem a maior sem cerimônia e muito mais. Mas dirão, isso é ficção.

Um das características de Crichton e dos seus livros é a pesquisa que faz sobre os assuntos, partindo, sempre, de fatos e de pesquisas publicadas por respeitáveis publicações científicas. Você pode não concordar com ele, como acontece em Estado de Medo, onde romanceia o aquecimento do planeta e o trata como um problema menor, mas não pode tirar o mérito de suas pesquisas e dos fatos que relaciona. Tudo isso é a base de sua ficção.

O livro de Crichton me remete a um outro, bem mais denso, mas que caminha no mesmo sentido de desmistificar a ciência e mostrá-la nua: Breve história de quase tudo, de Bill Brysson. Os dois mostram o quão pouco sabemos de nós mesmos, das coisas que nos cercam e do mundo que cavalgamos pelo espaço. No caso de Brysson, desmistifica o conhecimento científico, mostrando que sabemos muito pouco, mas mostrando que já aprendemos muito.

No caso de Crichton, é diferente. A partir do seu romance, ele nos mostra que, embora haja um enorme volume de informação sobre a biogenética e seus descobrimentos, na verdade eles são muitos pobres e estamos longe de ter, como apregoam os pesquisadores, a possibilidade de recriar o homem em pedaços. O que há é marketing, muito marketing. E muito poucos resultados concretos.

Vai ser diferente? Provavelmente sim. Mas é bom que todos saibamos que não estamos à beira da cura de nada e tampouco no limitar de se prolongar a vida humana indefinidamente, substituindo órgãos, fazendo crescer outros, curando doenças, genéticas ou não. Hoje, essa é uma perspectiva. Saber se vamos chegar lá, é outra coisa que só vamos saber dentro de muitos anos mais.

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