Nesta semana, procurando um documento que precisava consultar, acabei me deparando com uma velha carteira de trabalho – algo que está meio em desuso hoje – e acabei me surpreendendo ao vê-la. Curioso, fui olhar as anotações e, numa delas, constatei algo que achava que ia acontecer mas que, na verdade, já aconteceu. A data foi 01 de fevereiro, portanto há três meses.
O que a data diz? Que neste dia, no distante ano de 1969, eu comecei o meu primeiro emprego com carteira assinada. São, portanto, mais de 40 anos de trabalho ininterruptos, passando de um pequeno período de experiência para um trabalho mais permanente, na área administrativa e até chegar, nos anos 70, a uma redação de jornal, onde fiquei por longos anos até começar, em 1999, uma outra atividade, agora não mais como empregado.
O curioso disso tudo, olhando para trás, é que nunca planejei fazer o que fiz. Tomemos, por exemplo, a profissão de jornalista. Ela chegou quase que por um acaso. Na época, eu estava desempregado e um jornal de Vitória, A Gazeta, estava recrutando novos repórteres. Decidi fazer o teste e um mês depois tinha virado jornalista – na época o curso e, como consequência, o diploma em jornalismo não eram exigidos.
Só em uma redação foram quase que 30 anos, passando por vários setores, mas a maior parte do tempo na área de Política, local e internacional. Fui da área de Economia, de Cidades, do Caderno Dois, fiz critica de restaurantes, criei a primeira coluna sobre informática no jornal e fiz várias outras coisas, inclusive sair para o concorrente, o jornal A Tribuna, onde fiquei pouco tempo, retornando a A Gazeta.
O que descobri é que tenho de trabalho e de profissão mais tempo do que muita gente tem de vida. Afinal, 40 anos, como diria minha saudosa mãe, não são 40 dias. Acrescento a isso o fato de que, exatamente devido ao tempo de trabalho, também a idade avança, posso dizer que, se fosse fazer um manifesto sobre isso seria, certamente, o que diz o título, um manifesto dos 40 aos 60. O primeiro número, pelo trabalho. O segundo, pela idade, que estou chegando bem próximo.
Não costumo, neste espaço, falar muito de mim mesmo. Na barra lateral tem um pequeno resumo do que sou e do que fiz. Não acho que o que faço deva ser objeto de discussão, de conversas. Mas 40 anos de trabalho, do que me orgulho muito, é um bom tempo e queria contar para vocês. Olhando em perspectiva, sou o que sou graças ao que fiz. E tenho, de novo, muito orgulho de tudo o que foi feito, das escolhas que fiz. Se tivesse de começar, asseguro que faria tudo de novo, evitando alguns erros, é claro.
A vida, graças a um trabalho duro, me deu muito. E hoje o trabalho está incorporado ao que sou. Faço o que gosto e gosto do que faço, o que, sem dúvida, é uma grande vantagem. Afinal, muita gente nem faz o que gosta, nem gosta do que faz. E, neste momento, se há alguma coisa para ser dita, ela deve olhar o futuro e, nele, vejo mais trabalho, que vou continuar fazendo, talvez em ritmo menos intenso, mas sem dúvida, não pensei, não penso e acho que não vou pensar em parar, me aposentar, deixar de ter uma atividade produtiva.
E você, quantos anos de trabalho tem? Gosta do que faz? Faz o que gosta? Vamos conversar sobre isso, trocando experiências e falando de nossas atividades. Se revelei um pouco do que sou, quero, em troca, saber um pouco de vocês. E então, vamos conversar?
3 Respostas
Obrigado… Estou a aprender uma nova lÃngua. Gostaria de ler constantemente
Lino, eu deixei de ter carteira assinada em 1.983 quando desobri que não aceitava que alguém menos inteligente que eu me desse uma ordem ou estragasse meu dia. De lá para cá sou dona de mim e do meu tempo. Já gostei muito de minha atividade profissional. Hoje, eu advogo para encerrar os processos que estão comigo e de vez em quando, para atender algum eventual cliente. Estou em busca de novos caminhos, sem carteira assinada, e claro.
Adorei seu texto e senti o seu espanto por estar chegando aos 60. Eu cheguei neles em março e ainda estou espantada. Calma, nada muda, só o número!
Bjkª. Elza
É um belo tempo,LINO. E o importante é olhar pra tras e perceber que gostou de tudo o que fez. Isto que importa!!
Abração!!