ESTRANHA EM UMA TERRA ESTRANHA

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O que você faria em um local onde ninguém entende o que diz ou quando tenta se comunicar? Imagine como se viraria? A quem poderia recorrer para, no mínimo, ser entendido (a)? As perguntas têm uma razão de ser e se prendem a um episódio que vivenciei no final de semana em São Paulo, no Aeroporto de Guarulhos.

Por se tratar de um aeroporto internacional, você assume que a comunicação é fácil, pois atendentes e os que lá trabalham devem falar não só uma, mas várias línguas. Pode ser até que isso realmente aconteça, mas certamente com um pequeno número de pessoas. E tanto é verdade que acabei socorrendo uma eslovaca que chegou ao Brasil e tentava se comunicar, em inglês, e não conseguia.

A história é a seguinte: Ela havia chegado ao Brasil, vindo da Europa, e ia para Goiânia. A empresa que a trouxe perdeu sua bagagem e ela estava apenas com uma pequena bolsa de mão. Sem receber a indenização da empresa, que a lei manda pagar, precisava se comunicar com alguém em Goiânia, para onde ia, mas ninguém conseguia lhe ajudar. A razão: ninguém sabia inglês. Nem os passageiros que estavam no terminal doméstico do aeroporto e tampouco os atendentes e empregados que ali trabalhavam.

Jovem, bonita e até bem falante, a eslovaca se aproximou e, de forma tímida, perguntou: Do you speak english? Quando disse que sim, ela abriu um sorriso. E explicou sua história, dizendo que precisava telefonar mas não sabia como fazer e o seu telefone celular não tinha roaming no Brasil. Nos telefones públicos, por sinal, não há uma explicação em inglês de como fazer uma ligação a cobrar, o que seria, acho eu, o mínimo em um aeroporto que se diz internacional.

Resumo da ópera: fomos ao telefone e acabei fazendo a ligação para ela, colocando-a em contato com a pessoa que a ia receber. Acho que isso a aliviou e ela ficou mais tranquila, sabendo que teria assistência em sua chegada ao destino. Não cheguei a ver o que aconteceu depois, pois meu voo saiu.

No avião, no entanto, fiquei pensando como eu me sentiria em um país estrangeiro onde ninguém falasse minha língua e não entendesse outra, que é meio universal, que é o inglês. Na verdade já me senti assim e a sensação é de um estranho em uma terra estranha, com tudo diferente de onde somos. E o pior é que, por mais boa vontade que as pessoas tenham, a incomunicação é completa, o que só faz aumentar a sensação de estranheza.

Gostei de poder ter ajudado. E gostaria, sinceramente, de saber se ela conseguiu chegar, e bem, ao seu destino e se a questão da bagagem foi resolvida. E espero que a lembrança que leve do Brasil não seja a da incomunicação, fruto do desconhecimento da maioria de uma outra língua. A falha, no entanto, é gritante. Pelo menos para um aeroporto internacional, por onde trafegam, hoje, pessoas do mundo todo.

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