DE QUE O PODER TEM MEDO?

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Um dos nomes mais respeitados na área de sociologia, Manuel Castells é conhecido por seus estudos envolvendo a sociedade atual, sobretudo o que ele próprio classificou de sociedade em rede, o que abrange, evidentemente, a internet e o relacionamento entre as pessoas decorrentes do seu uso, hoje mais intensivo que ontem, e certamente menos intensivo que amanhã.

Há seis anos, Castells vem estudando especificamente a internet. Neste tempo, fez mais de 15 mil entrevistas diretas e outras 40 mil por e-mail. Uma das conclusões a que chegou e que, confessa, não lhe causou surpresa é que, ao contrário do senso comum, a internet não provoca isolamento, mas até contribui para o relacionamento social através da interação via chats, dentre outros meios. E culpa a mídia por espalhar a ideia de que a rede é alienante.
De outro lado, o estudioso afirma algo que, acho, todos nós sabemos: que a internet não é controlável. Como quer o Governo dos Estados Unidos, pode até ser monitorada, mas não controlada. Na impossibilidade deste controle, de acordo com Castells, é que reside o principal medo que o poder tem da Internet. E uma das razões é que ela está abrangendo mais e mais pessoas.

Hoje, afirma Manuel Castells, os que tem mais de 55 anos estão pouco ligados à rede, mas os que tem até 25 anos estão conectados – mais de 90% – o que indica que, dentro de mais alguns anos todos terão, de uma ou de outra forma, uma conexão com a internet. Esta nova sociedade – que é a sociedade em rede – será muito mais transversal do que a existente até agora e, por isso – e mais uma vez – o controle sobre ela não será possível.

Esta nova sociedade perdeu o seu centralismo, que se baseava no Estado e na família, que já não funcionam como antigamente. E uma das razões para a desmontagem da antiga estrutura é a globalização. Castells admite que vivemos em um novo tempo e que, nele, ao lado do medo do poder, as pessoas, graças ao seu amplo acesso à informação, estão ganhando uma nova autonomia.

Talvez, resumindo, seja possível afirmar que, no mais das vezes, tememos o que não controlamos. E é este o caso do poder. Como ele não controla a internet – ainda bem – a teme. (Via El Pais, da Espanha)

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