DANDO UM PASSO À FRENTE

Uma das coisas que, neste ano, tornou-se evidente no Brasil é que quando a sociedade quer, ela consegue. Veja-se o caso da Lei da Ficha Limpa. Retirar da política aqueles que, muitas vezes, se valem da função para se esconderem de problemas, evitando processos ou os adiando indefinidamente, era um desejo antigo de todos nós. Só que, se dependêssemos dos próprios políticos para dar um passo à  frente, isso não aconteceria. O que foi conseguido deveu-se, sem dúvida, à  movimentação da sociedade, com o projeto de iniciativa popular pressionando o Congresso a tomar uma ação.

Pode-se dizer que não chegamos, ainda, onde deveríamos. Tenho, também, esta sensação, pois entendo que a política deve o meio de servir a sociedade, olhando o seu interesse maior, que deve ser colocado à  frente e acima dos interesses pessoais de um ou mais políticos. Estamos, certamente, ainda meio distantes desse objetivo, embora reconheça que existem muitos políticos que assim agem e tem pautado sua atuação levando em conta este princípio.

A lição que ficou da discussão e aprovação do Ficha Limpa é que, quando há envolvimento da sociedade e ela deseja e defende uma postura, as casas legislativas se movem para a atender. E foi isso o que acabou acontecendo, mesmo que, no final, este atendimento tenha sido parcial, ainda deixando-se brechas para que maus políticos concorram e se escondam atrás do mandato. Ou então, que o usem em proveito próprio, ao invés de fazerem a representação e defesa de seus eleitores.

A chamada iniciativa popular nos mostra, ainda, uma outra faceta da política: que o engajamento da sociedade pode, sim, mudar as coisas. E isso nos deixa uma lição. E ela nos diz que política se faz com participação, com engajamento, defendendo posições, combatendo outras e buscando, no final, a escolha daquele que seja o nosso melhor representante, de alguém que olhe o todo, não o particular, o pessoal. E nos mostra, ainda, que quando abdicamos da participação estamos, na verdade, abrindo caminho para os que buscam um cargo eletivo para se arranjarem, para cuidarem de seus próprios interesses, para participar de lobbies, defender o interesse de grupos, da família.

As lições dadas pela proposição, defesa e votação do Ficha Limpa nos mostram que, participando, podemos mudar as coisas, começando pela colocação nos postos legislativos e executivos de pessoas que pensem na sociedade, não neles. Nesse sentido o nosso voto e o nosso trabalho são extremamente importantes. Se abdicarmos deles, estamos contribuindo não para o avanço da democracia, mas para o seu retrocesso.

Nesta eleição é hora de darmos um passo à  frente, participarmos e elegermos quem, depois, fará a diferença.

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