O que se pode fazer para que uma parte do mundo pare de desperdiçar e, com isso, a outra possa comer? Este é o dilema que vivemos nos dias de hoje. Se de um lado temos um mundo de obesos, do outro, temos gente passando fome. E não são poucos, não. A questão é mais relevante quando olhada do lado da sustentabilidade do planeta, que já não dispõe de tantas áreas capazes de produzir os alimentos que os seus habitantes, em todos os continentes, necessitam. Então, o que fazer?
Um dos caminhos, como proposto na blogagem coletiva coordenada pela Cybele Meyer, é partirmos para o “consumo sustentável”. significando, pelo menos no meu entendimento, uma racionalização do consumo, o que implica, em primeiro lugar, controlar o desperdício, um dos maiores fatores para a falta de alimentos. No Brasil, por exemplo, 40% de toda a comida produzida é desperdiçada. Imagine quantas pessoas poderiam ser alimentadas se se perdesse menos. Neste caso, a questão não é o consumo, já que o produzido não chega ao supermercado ou ao mercado. E a perda, no final, acaba encarecendo a comida, pois pagamos o que foi perdido.
A questão, se está alinhada à perda, traz, também, outras implicações. E se olharmos bem, uma delas é o próprio consumo. Erigimos uma “economia do consumo”, baseada no descartável, no supérfluo. Comprar tornou-se uma obrigação, consumir, uma necessidade. Temos, pelo menos em relação a uma parcela da população, muito mais do que precisamos. Alguém precisa, por exemplo, trocar de carro todos os anos? É claro que não, mas muito o fazem, acompanhando as mudanças de modelo ou o lançamento de um novo. E isso se repete em vários campos, indo do calçado à roupa, que gira de acordo com a moda e ela é feita somente para vender. Como muito bem lembrou Manuel Castells a cidadania está associada ao consumo. E se isso ocorre mesmo, podemos perguntar: Consumo ou sustentabilidade?
Será que os dois são compatíveis? Seguramente podemos ter uma vida mais simples, com um consumo que exija menos do mundo, ampliando sua sustentabilidade. Mas mesmo assim o consumo continuará a exigir do planeta. No atual estágio em que nos encontramos, acabar com o consumo é impensável, pois teríamos de mudar todo o modelo econômico, fazendo com que o ser tenha o primado, que hoje é do ter. Como não conseguiremos colocar o mundo de ponta cabeça – acabando com o consumo, como o conhecemos – a única maneira que temos é o de adotar o consumo consciente, que começa por se evitar o desperdício, passa pelo controle do que temos e chega ao próprio tipo de cultivo e de processamento.
Se quisermos ter, mesmo, sustentabilidade precisamos começar agora. E precisamos começar dentro de casa, na nossa família, com nossos filhos, ensinando-os que o ter não é mais importante que o ser. E que o planeta precisa que sejamos responsáveis, até como uma garantia que os nossos netos terão um espaço para viverem. Aqui – como em tudo na vida – a educação é fundamental. É através dela – em casa e nas escolas – que podemos conscientizar para este novo tipo de consumo, que pode atender ao desejo do cidadão, mas que dele levar em conta também a saúde do planeta.
Respondendo à questão do título, acho que sim, podemos ter consumo e sustentabilidade. Basta que cada um seja mais responsável, mais comedido, evite desperdício, consuma só o necessário e adote uma nova postura que impulsione outros a adotar o mesmo caminho. Eu já comecei a fazer isso. E você, quando é que vai começar? Que seja agora, pois isso fará, não tenha dúvida, diferença.
7 Respostas
Lino, que beleza de post.
Concordo plenamente com tudo que você mencionou e principalmente quando você diz que a educação é fundamental. Seja no lar ou na escola a orientação é primordial para a conscientização da mudança de hábitos. Trabalhar valores é tão importante quanto. Somente assim, promovendo a educação, é que conseguiremos mudar esta tão triste realidade.
Parabéns! E obrigada por enriquecer a nossa Blogagem Coletiva.
Com carinho
Cybele Meyer
Sustentabilidade, sempre! Eu já faço a minha parte há muito tempo: tenho uma sacolona ecológica que levo todas as vezes ao supermercado, economizo água e energia de todas as maneiras possÃveis e até o gás de cozinha, acredite se quiser…
Sacolas plásticas? Não existem na minha casa…
Juntos, a gente faz a diferença!
Bjo.
Interessante o teu artigo.
No momento estamos fazendo um cruzeiro no “super star virgo”: Singapura, Malaysia e Tailandia…….. pude verificar o desperdicio de comida… principalmente de indianos e chineses…….. eh de dar do….
Verificamos que Malaysia e Thailland sao muito parecidos com o Brasil, em materia de falra de limpeza e de bondade do povo…
Ja nao usamos sacolas plastica, nem no Recife e tao pouco na Holanda… apenas para os dejetos do meu gato…
Entretanto Singapura da prazer ver as ruas super limpas e tudo muito bem organizado…
bs, abs
Educação é a base de tudo,LINO. Mas acho que vai demorar muito tempo pra algo mudar neste sentido aqui no Brasil. Só se houvesse uma guerra ou outra calamidade similar pra fazer o povo dar valor. O desperdÃcio é monstruoso. 40% como vc colocou beira ao absurdo.
Abraços!
Oi Lino, como você disse, educação é fundamental. Neste caso, particularmente, preciso me reeducar. Pelo bem do planeta e das futuras gerações.
Ah, uma polÃtica de controle de natalidade global também contribuiria para termos um futuro alimentar sustentável.
Um abraço.
Lino
É um prazer vir aqui.
Muitas felicidades!
Não participei da blogagem por não ter tido tempo. E a conscientização deve começar em casa e se estender para a escola.