AS ARMADILHAS DA L͍NGUA

O português, reconhecem os especialistas, não é uma língua fácil. Talvez isso decorra de sua origem, já que o latim – de onde veio – é bem complexa, com declinações e combinações diversas. De outro lado, podemos dizer que para os nativos, pelo menos quando  falamos, não é tão complicada assim, embora haja notadas diferenças entre o que se fala no Brasil e em Portugal.

Se olharmos a língua escrita, as coisas mudam. Ao escrever temos de ser muito mais cuidados do que quando simplesmente falamos. É que, neste caso, gesteis, expresseis e entonações nos ajudam no entendimento. Na escrita, não. Só que, em alguns casos, seja escrevendo ou falando acabamos cometendo o que os especialistas consideram erro. Um dos casos é a tautologia.

Você sabe o que é tautologia? É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. O exemplo clássico é o famoso ‘subir para cima’ ou o ‘descer para baixo’. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

  • Elo de ligação
  • Acabamento final
  • Certeza absoluta
  • Quantia exata
  • Nos dias 8, 9 e 10, inclusive
  • Juntamente com
  • Expressamente proibido
  • Em duas metades iguais
  • Sintomas indicativos
  • Há anos atrás
  • Vereador da cidade
  • Outra alternativa
  • Detalhes minuciosos
  • A razão é porque
  • Anexo junto à carta
  • De sua livre escolha
  • Superávit positivo
  • Todos foram unânimes
  • Conviver junto
  • Fato real
  • Encarar  de frente
  • Multidão de pessoas
  • Amanhecer o dia
  • Criação nova
  • Retornar de novo
  • Empréstimo temporário
  • Surpresa inesperada
  • Escolha opcional
  • Planejar antecipadamente
  • Abertura inaugural
  • Continua a permanecer
  • A última versão definitiva
  • Possivelmente poderá ocorrer
  • Comparecer em pessoa
  • Gritar bem alto
  • Propriedade característica
  • Demasiadamente excessivo
  • A seu critério pessoal
  • Exceder em muito.

Note que a parte grifada de cada expressão é dispensável. E isso ocorre por reafirmarem o que o principal já diz. Por exemplo, ‘surpresa inesperada’. Ora, se é surpresa é lógico que é inesperado. Afinal, ninguém espera ou sabe por antecipação se houver uma surpresa. Veja-se, também, a questão da “propriedade característica”. Se o que apontamos é uma propriedade de um objeto, então é característica dele. As duas palavras querem dizer exatamente a mesma coisa.

Estas, na verdade, são algumas das armadilhas da língua. Falando, incorremos nela. E as repetimos, muitas vezes, quando escrevemos. É preciso ficar atento às expresseis que usamos no dia a dia, evitando estas repetições e dizendo as mesmas coisas, o que é característica da tautologia.

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