Desde que nos conhecemos e desenvolvemos a primeira arma a partir da pedra, nós humanos sempre procuramos um jeito de nos matar. Ou talvez seja melhor dizer um jeito de matar o próximo, quem está do outro lado, é diferente, tem religião diversa, não concorda conosco. O aperfeiçoamento das armas é uma constante, saindo da faca de pedra lascada e chegando aos mísseis “inteligentes” de hoje, capaz de acertar um alvo com precisão, causando o máximo de destruição sem envolver vidas humanas, pelo menos não as de quem está do lado de cá, apertando os boates.
As armas trazem junto com ela uma sensação de poder. Quando mais armado estou, mais poderoso me sinto. A lógica é também válida para os países, que gastam bilhões e bilhões de dólares na compra de novos equipamentos para equipar suas forças armadas, polícias, etc. Estamos, na verdade, sempre à procura do que fazer amanhã, melhorando o jeito de matar, tornando-o mais eficiente, mais letal e fazendo tudo isso com menor risco para quem comanda a morte.
Mas a propósito de que vem isso tudo? Este assunto ressurgiu aqui a partir de uma informação que li sobre o desenvolvimento, nos Estados Unidos, de um novo tipo de avião espião. Na verdade, ele é muito mais do que isso, pois transforma-se em arma letal, já que carrega bombas que podem ser lançadas com precisão sobre os alvos escolhidos. E no caso de falha, o próprio avião se transforma em arma, já que vira um kamikase, lançando-se sobre o alvo, destruindo-se e a ele. Além disso, não são mais solitários, mas operam em rede, comunicando o que fizeram e, com isso, maximizando a ação, já que impedem que outro avião ataque o mesmo alvo, já atingido.
Dirão alguns que isso é evolução. Eu acho que é assustador. Afinal, estamos automatizando a morte, tornando-a distante e limpa. Antes, nas guerras a luta era travada no corpo a corpo, com os adversários se enfrentando, se destruindo, sentindo o poder da morte e o horror dos campos de batalha. Talvez em razão disso fosse mais comedidos. À medida que a guerra se tecnificou, as batalhas são comandadas de limpos centros de informática, altamente tecnológicos. A luta está distante, vista pelo olho de uma câmera, como já ocorreu o Iraque. E embora haja, ainda, a ação de soldados, ela se torna, a cada dia, menor.
A questão é: que tipo de máquinas estamos criando? Será que amanhã£, tal como em Matrix, elas não se voltarão contra nós? Dizem os especialistas que a “inteligência” das máquinas é limitada. O fato é que, hoje, as rotinas para elas escritas permitem que decidam. São decisões simples, é verdade, mas a tendência é que fiquem mais complexas e que cheguemos, como no caso da ficção, aos cérebros positrônicos, com máquinas que sejam capazes de “pensar”, simulando o comportamento humano. É aí, no meu modesto entendimento, que mora o perigo.
Se continuarmos a aperfeiçoar armamentos – e acho, com segurança, que isso continuará a acontecer – podemos chegar às máquinas verdadeiramente independentes. E se isso acontecer é preciso perguntar: Será que continuaremos a comandá-las? Ou elas se tornarão, mesmo, independentes, e tomarão sua própria decisão? Neste caso, será que continuarão a matar para os humanos ou se voltarão contra nós?
São muitas questões. E não tenho respostas para elas. O que sei, por ter lido, é que as armas continuam sendo aperfeiçoadas, aumentando seu poder de destruição e tornando a morte mais distante dos centros de comando. Estamos sempre aperfeiçoando o jeito de matar. Se amanhã isso se virará contra nós, humanos, não sei. O que tenho certeza é que o gasto com armas poderia muito bem ser aplicado para matar a fome no mundo, o que seria, não tenho dúvidas, muito melhor.
10 Respostas
Se você considerar que EUA e Russia ainda possuem um arsenal nuclear capaz de destruir o planeta várias vezes (!!!), mais ou menos uma arma não faz a menor diferença.
Nós somos (a humanidade) completamente irresponsáveis!
Uma coisa é certa, Lino.
As pesquisas militares quase sempre acabam tendo aplicação civil e sem elas, provavelmente o mundo hoje não teria como alimentar seus 6 bilhões de habitantes, seja porque não se teria criado riqueza, seja pelas inovações técnicas com efeito no dia a dia da agricultura e da indústria.
Sem os programas nucleares, muitos paÃse europeus simplesmente não teriam energia elétrica.
E a evolução dos transportes se deu em virtude da necessidade de transportar tropas e armamentos, afinal, do navio à vela ao vapor e aos atuais motores diesel-elétricos, tudo teve por finalidade a guerra, mas com efeito o uso civil.
O fato é que a guerra, mesmo perversa, é parte da evolução humana..
Com esse mundo cada vez mais cruel, fica fácil imaginar o que vem por aÃ.
Tanta violência, tanta criatividade pro mal…
E ainda falam que somos a raça inteligente.
Bjo e otimo findi, quilido!
Eu espero já ter “virado cinzas” de maneira natural, quando toda essa “evolução” tiver passado do limite.
Beijos mil, Lino!!!
Oi Lino…passando pra lhe desejar um ótimo sábado e ler mais uma de suas postagens sempre tão interessantes!!Lembre-se:”Agora é o seu mais belo momento de realizar o bem. Ontem passou e amanhã está por vir.
Qualquer encontro é uma grande oportunidade. Pense nas sementes minúsculas de que a floresta nasceu. Não deixe de falar, mas aprenda a ouvir. Quem sabe escutar pacientemente, encontra pistas notáveis para o êxito no serviço que abraçou.”Tudo de bom a você!!Abraço!!
Lino, será inevitável uma guerra futura. E o motivo será futil, mas o objetivo será a diminuição da população humana que está chegando ao limite. Não terão como sustentarem e manterem o equilibrio com o aumento desorganizado de nós humanos.
Quanto a IA ou AI no inglês, por enquanto o Raul Seixas continua com a razão ao cantar:
A civilização se tornou complicada
Que ficou tão frágil como um computador
Que se uma criança descobrir
O calcanhar de Aquiles
Com um só palito pára o motor
Lino, lembrei-me do filme Geração de Proteus, em que um cientista constrói casa totalmente controlada por computador. Os equipamentos adquirem personalidade própria e decidem, além de controlar o mundo, inseminar a mulher do cientista. Sinistro.
Olá Lino,
eu também tenho medo desta tecnologia que avança incrivelmente. Se tudo fosse voltado para a cura, para a ciência, creio que terÃamos um mundo melhor. É uma questão de desvio de caminhos, o homem, imperfeito que é, sempre tentará sobrepujar seu semelhante. Mais uma vez acho que aqui estamos para melhorar como pessoas , mas estrá bem difÃcil…
Beijo.
Esta sede do poder que traz a capacidade de matar parece inerente ao ser humano, “quem pode mais chora menos”…e como você disse, se isto pode ser feito de longe sem que nos “sujemos as mãos” eles acham que é ainda melhor. E sempre encontram uma desculpa teoricamente válida para as guerras, mesmo que depois descubram que foi falsa, como aconteceu no caso do Iraque. Quanto aos robôs autônomos, isto um dia ainda vai acontecer, estamos brincando com fogo.
Um abração.
Lino, você já assistiu a série Battlestar Galactica? Muitas de suas perguntas teriam respostas.