As quotas, por etnia ou por local de estudo, estão na ordem do dia.
Tratam-se, segundo seus defensores, de ações afirmativas necessárias, uma forma de dar oportunidade a quem, normalmente, não a tem.
A questão não é simples. Ouvindo alguns professores, colegas, tenho colhido opiniões quase unâmimes de que as quotas não vão resolver o problema de acesso à universidade. Antes, vai criar um novo problema, o de qualidade de ensino, já¡ que o nível terá¡ de ser rebaixado para que os alunos acompanhem.
Sem entrar no mérito da adoção ou não de quotas, o que os colegas veem é uma inversão. O governo deveria cuidar de oferecer um ensino de qualidade, desde o primeiro momento que alguém frequenta uma escola. Se ele for bem preparado, pode concorrer à universidade pública em igualdade de condições com todos os outros alunos.
Ensino de qualidade oferece maiores possibilidades de crescimento. As quotas, por outro lado, acabam por colocar um rótulo em que chegar à universidade mediante o seu uso. Abole o sistema de mérito e isso pode influir decisivamente, mais tarde, na vida profissional de cada um.
As quotas não vão resolver o problema de educação e de preparação dos jovens. O que irã resolver é um ensino de qualidade. Este é o primeiro passo para que, mais tarde, o jovem chegue à universidade.
Se você perguntar a quem leciona verá¡ que a posição da maioria é no sentido de se fortalecer a educação.
2 Respostas
Concordo plenamente. Enquanto a disparidade entre o ensino fundamental básico e privado não diminuir, qualquer atitude no ensino superior é simplesmente um paleativo populista, que só serve para manipular essas “miniorias necessitadas” para conseguir mais votos.
Eu sou a favor das cotas e acho sinceramente muito estranho que os professores em sua maioria não o sejam. Todos (ou quase todos) desejamos ensino fundamental e médio público de qualidade. Porém, não vejo porque esse desejo deva ser colocado em oposição à cota. Ela é uma conquista política e não um favor “populista”. Não vamos nós esquecer o que Maquiavel já nos avisou há 5 séculos, a política não é o lugar da moral e, por isso, não me parece que devamos sentar em nossas poltronas e teoricamente imaginar que seria melhor que as pessoas fossem devidamente preparadas para o vestibular. Ora, isso é obvio demais! É triste que uma reivindicação tão bonita como o ensino público de qualidade tenha virado uma arma contra os afro-brasileiros. O fato é que não há interesse político na melhoria da escola pública e quando nós levantamos essa bandeira esquecemos que no campo da conquista dos direitos sociais a lógica é uma armadilha. A universidade é branca e excludente, sabemos bem. Aprovem as cotas e cuidem do ensino público fundamental e médio, quando o ensino público e o privado estiverem em pé de igualdade eu voto pelo fim da cota!