Neste final de semana, acabei presenciando uma cena que, ao lado de revelar a má educação das pessoas, nos traz, novamente, à questão do tempo e da sensação de ele estar encolhendo. Em razão disso, as pessoas acham que tudo tem de ser feito de forma mais rápida e que não dá para esperar nada, mesmo quando se trata de um mÃnimo de cortesia para com outras pessoas.
O que aconteceu ilustra bem isso. Ao sair do supermercado, ainda no seu estacionamento, vi um casal de cegos – sim, homem e mulher cegos – que também estava deixando o local com suas compras. À espera deles estava um táxi e foi nele que estava sendo colocada a compra feita. Ao mesmo tempo, o casal se acomodava no carro, preparando-se para, presumo, voltar à sua casa.
Não sei o motivo, mas acho que para facilitar o casal, o taxista parou o seu carro na saÃda do estacionamento do supermercado. Do momento em que a cena começou até o seu final, se durou 10 minutos foi muito. Mas o que aconteceu? Algums clientes, que também estavam de saÃda, começaram a protestar, reclamando com os empregados que não conseguiam passar. Um deles, inclusive, apelou para a buzina e o fez de forma insistente.
Não satisfeito, abriu os vidros do carro e começou a falar, em voz alta, com o rapaz que colocava as compras no táxi. Neste momento, o casal já havia entrado. E certamento ouviu os protestos, já que eram cegos, mas presumo que não sejam surdos. Meu carro estava praticamente ao lado e pude observar, bem de perto, a impaciência de quem acha que tudo tem de ser resolvido na hora.
A sensação – pelo menos a que tive – é de alguém que, talvez muito ocupado e com uma agenda muito apertada, não tinha nenhum tempo a perder. Mas, espera aÃ, era domingo. E quem protestava estava de camiseta e bermuda. Na certa, ninguém em tais trajes está indo para um compromisso inadiável ou então está com um horário acerto, uma reunião importante que não pode perder.
No final, epsiódio terminado – o táxi se foi e, com ele, também os impacientes – fique pensando: será que tudo isso ocorre em relação à compressão do tempo ou será, simplesmente, má educação? Não tenho a resposta, mas acredito que seja uma combinação das duas.
Hoje, queremos tudo no minuto. E isso é fruto da aceleração do tempo. Mas ignorar que alguém que tem necessidades especiais está sendo atendido, é má educação, mesmo.
14 Respostas
Para mim é falta de educação mesmo!
intolerância, meu caro, o fruto do individualismo e do egoÃsmo!
beijo
(eu gosto muitissimo das suas crônicas. eu até queria saber escrever assim: de forma, clara, objetiva, elegante, interessante e sempre um convite à interação.)
Olá, Lino!
Não, isso, ao meu ver, nada tem de falta de tempo.A questão é falta de educaçao. Eu tenho crteza que esse senhor é aquele tipo de adora furar filas, faz outros de idiota, passa a perna no colega, quer dizer, não respieta ninguem, mesmo com todo o tempo do mundo. São de valores mal formados em casa, ainda na infância.
Um abraço
Má educação,sem duvida,LINO. E muito de intolerância com o próximo.
Abração!!
Você poderá dizer, intolerância, impaciência, egoismo, insensatez…Mas na minha terra é Má educação e não tem lerolero! abçs Lino.
Acho falta de educação, falta de respeito com o próximo.
Big Beijos
Intolerância + falta de educação = mala sem alça e sem rodinhas.
“A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos”.
Gandhi
Para mim também, Lino, é falta de educação e de respeito aos outros!
Nasci, fui criada e morei sempre em São Paulo, mas há nove anos estou morando no interior. É incrÃvel a diferença de comportamento e atitude que encontro entre a população de uma cidade pequena (90 mil habitantes mais ou menos), comparada com SP. Dá para fazer um post, só falando das diferenças…
Abraços.
Acho mesmo que é educação que nos falta, sabe Lino? Somos impacientes e intolerantes demais.
Mas isso é algo que todos temos que nos policiar, porque sempre é mais fácil falar quando alguém age errado, e esquecemos de olhar a nós mesmos, quando agimos igualzinho.
Bjs
Isso se chama falta de “Berço”.
Bjs
Pior que quem faz esse tipo de escândalo se acha o máximo…
Gostei do termo da Meire: falta de berço.
Que absurdo, Lino.
Não sei o mesmo acontece por onde você mora, mas aqui no RJ acontece algo incrÃvel quando o sinal de trânsito abre. O motorista de trás nem espera você sair. Mal o sinal abriu, ele geralmente começa a buzinar feito louco… lamentável a falta de educação, impaciência ou falta de berço que as pessoas atualmente têm.
Entendo perfeitamente o que diz, Lino. Parece que as pessoas nunca tem tempo a perder. Tem uma frase do Millôr que bem ilustra essa pressa toda de alguns: “A menor unidade de tempo conhecida é aquela que vai do sinal de trânsito ficar verde e o carro detrás começar a buzinar.” Quanto à falta de civilidade, caridade e cidadania das pessoas, bem, como disse Terêncio, “nada do que é humano me é estranho”. Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.
“Sai da frente que quero passar”, é o lema das pessoas hoje em dia. nem precisa estar com pressa, acho que é só uma questão de individualismo dos que acham que podem abrir seu caminho na vida na base do grito. Mas olhar em volta e ter um pouco de tolerância e consideração em relação ao seu próximo não faz mal a ninguém, um dia ele pode se encontrar em uma situação semelhante.
Abração.