O curioso caso da encomenda com o presente da empregada que, na verdade, havia sido pedido pela patroa
Estamos todos envolvidos por estórias engraçadas, aconteçam elas conosco mesmo ou com amigos, parentes ou alguém que conhecemos. De quanto em vez alguém chega e nos conta casos e causos que nos fazem rir e que, ao mesmo tempo, parecem fantasia, invenção, mas que são reais, aconteceram. Envolvido em uma família que, junta, tem dezenas de pessoas, frequentemente ouço algumas dessas estórias e a última parece até um desses contos de non sense, onde as coisas não fazem muito sentido. Mas achei que era interessante e a estou trazendo aqui.
No grupo reunido, um deles perguntou:
– Vocês já sabem a estória da encomenda e do presente que não foi?
Ninguém sabia, mas todos ficaram curiosos e as perguntas começaram. O autor da pergunta, com toda calma – aliás, uma de suas principais características – sorriu, olhou em volta, vendo se tinha captado a atenção dos participantes, pigarreou e começou:
– Nesta semana, no final do dia, tocou o interfone lá em casa. Atendi. Era da portaria do prédio e o porteiro avisou que havia chegado uma encomenda para a empregada que trabalha conosco há longos anos e se eu queria que ele a colocasse no elevador, onde eu o pegaria.
– Não, não é preciso fazer isso. Deixe aí, quando ela chegar amanhã, pela manhã, você entrega diretamente a ela, respondi para o porteiro e voltei para o que estava fazendo.
Concluída a primeira parte ele parou, tomou um pouco de água, olhou novamente em volta e vendo que todas as atenções continuam voltadas para a estória, continuou.
– No dia seguinte, pela manhã, sai para minha atividade física habitual e quando retornei a empregada já havia chegado. Não me lembrei, de imediato, da encomenda e tanto foi assim que tomei banho com toda calma, após o que sentei-me para ler os jornais do dia.
Quando estava lendo o primeiro dos jornais, repleto de fatos e ocorrências policiais que refletem uma parte do nosso cotidiano e realidade, ele lembrou-se da encomenda, exatamente na hora em que a empregada estava por perto.
– Maria, você pegou uma encomenda para você na portaria?
Ela afirmou que sim, mas que era meio estranho, já que não tinha nome de quem a tinha remetido e, também, que não haviam usado o seu nome completo, Marialva – que detestava – mas apenas Maria, como era conhecida pela família e pelos amigos.
– Brinquei com ela, dizendo que tinha arranjado um admirador secreto que a quis presentear.
O mais estranho, ela esclareceu, é que na encomenda estava um amassador de batatas, do tipo manual. E Maria simplesmente não conseguia entender como alguém havia lhe enviado a peça. Achava que só podia ser engano, mas ela a única Maria no prédio e o endereço estava correto. Curiosa, abriu o pacote e descobriu o objeto, matando a curiosidade.
– Vou pegar para o senhor ver!
Ela entregou o embrulho ao patrão e este conferiu os dados. Lá estava, mesmo, o nome da Maria, o endereço correto, nenhuma identificação do envio e um amassador de batatas novinho em folha. Quando ia devolver o objeto à empregada, sua mulher chegou, viu o objeto e e ouvir uma rápida explicação sobre sua chegada.
– Maria, na verdade, este não é um presente para você. Eu o encomendei no Mercado Livre e como o vendedor pedia um nome para a entrega, coloquei o seu, sabendo que estaria em casa em o receberia. Estou procurando este tipo de amassador há tempos e não conseguia encontrá-lo. Não sabia quando iria chegar e me esqueci de avisar a você.
A encomenda, então, ficou sendo o presente que não foi. A estória estava esclarecida. A Maria ficou sem o presente surpresa e a casa ganhou um novo amassador de batatas. Para a Maria sobrou o fato de ser ela quem, na maioria das vezes, irá usar a nova ferramenta, o que, de certa forma, confirma que o “presente que não foi”, acabará sendo, indiretamente, para ela.
Pitoresca história! Por fim, tudo se resolveu!