A CAMINHO DA CATÁSTROFE

Ainda hoje, com a mudança ambiental se tornando presente em vários eventos ao longo de todo o planeta, ainda existem pessoas que não creem, de verdade, que estamos em uma mudança e que ela afeta, de forma direta, o meio em que vivemos e do qual dependemos não só para a nossa, mas para toda a vida na Terra. Um dos aspectos desta mudança, não tenho dúvidas, é o clima. Se olharmos em perspectiva, podemos constatar que hoje ele é bem diferente do que era, por exemplo, na nossa infância, alguns anos atrás: chove quando devia fazer sol; faz frio quando deveríamos estar com calor.

O clima é um dos principais fatores de a Terra ser como é de nos termos transformados na espécie que domina o planeta – ou pelo menos pensa que o faz. Os cientistas dizem que foi uma rara combinação de temperatura, atmosfera e exposição ao sol que criou os condicionantes para o aparecimento da vida na Terra. De toda a vida, inclusive a humana. Foi ainda graças ao clima, adptando-nos a ele, que evoluímos e nos transformamos em uma espécie que, geneticamente idêntica, apresenta diferentes variações de forma, pigmentação, tamanho, consistência, etc. Por tudo isso é que os cientistas consideram o clima a chave de tudo.

Se o clima for, efetivamente, a chave, temos de olhar para a Terra como um todo, vendo-a integrada. E ao fazermos isso, constatamos que um dos caminhos é fazer com que o mundo seja mais igual, com o compartilhamento mais equilibrado dos seus recursos. Neste aspecto, alguns números são impressionantes, começando por mais de 1,5 bilhão de pessoas que vivem sem energia elétrica, enquanto em várias partes os recursos energéticos estão no fim. Em um mundo superindustrializado, metade da população mundial depende da agricultura para a sua sobrevivência e, dela, um quarto ainda planta e colhe da maneira como nossos ancestrais faziam, usando as mãos somente.

No caso da agricultura temos grandes contrastes, indo das plantações que usam toda tecnologia e as mais modernas máquinas, como é o caso da soja no Brasil, às pequenas famílias que trabalham um pedaço de terra tirando dele o seu sustento. O curioso é que, no caso das plantações high-tech, a maior parte do que ela produz não vai para o consumo humano, mas animal, com milhões e milhões de toneladas de grãos sendo transformados em comida para bois, porcos, etc. Nisso estamos gastando, também, mais de 70% de todo o consumo de água potável do planeta. Cada quilo de carne que chega à mesa de um ocidental gasta, na sua produção, cerca de mil litros de água. Enquanto isso, milhões não dispõem desta quantidade de água durante toda sua vida, sendo que um bilhão de pessoas não tem acesso a água potável.

Espremido nas cidades, que já¡ tem 50% da população mundial, vamos depender, mais e mais da natureza para a nossa sobrevivência. Precisamos de água, de alimentos, de energia, etc. Vivemos, ao mesmo tempo, em um planeta com recursos escassos e com um enorme desperdício destes recursos. Temos, assim, fome ao lado do desperdício. Enquanto nós, ocidentais, podemos nos dar ao luxo de fazer uma refeição diária, bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, vivendo com até um dólar por dia. E eles vivem no mesmo planeta que nós, mas o fosso que deles nos separa ao invés de se estreitar, está¡ se alargando.

Enfim, existem números em todos os setores que mostram claramente um caminho para a catástrofe. Alias, um caminho já¡ percorrido por outras civilizações, como a maia e a asteca, por exemplo. Sem recursos, ela acabou extinta. Será que este será também o nosso caminho? Não posso afirmar que sim, mas acho – baseado, aqui, no que cientistas de todo o mundo estão dizendo – que podemos transformar a visão de apocalíptica em esperança. Precisamos mudar, não resta a menor dúvida. E precisamos dar os primeiros passos, em casa, no trabalho, na vida cotidiana, começando a criar uma consciência de que temos recursos escassos, que precisam ser extraídos com cuidado, preservados.

O futuro é sempre uma construção, embora nunca o possamos prever. No caso do meio ambiente, se quisermos ter um futuro como espécie, o caminho que nos resta é fazer com que o clima volte ao equilíbrio. Será bom para cada um de nós, para os nossos filhos, para a humanidade e para o planeta.

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