Eleições mostram Brasil mais politizado e crítico

BRASIL, UM PAÍS MAIS CRÍTICO E POLITIZADO

O Brasil saiu das eleições presidenciais deste ano mais crítico e politizado. A afirmação não serve de explicação para quem ganhou e tampouco de consolo para quem perdeu, mas o fato é que vimos nascer, ao longo da campanha, um país bem mais crítico e politizado que antes, chegando a quase uma divisão meio a meio entre os dois lados. No final, contatos os votos, como acontece em todas as eleições e em todas as democracias, um candidato venceu, os outros, não. Este, na verdade, é apenas um olhar – e neste caso, muito particular – sobre o resultado das eleições. Outros, podem ser encontrados nos jornais, na televisão e no rádio através das múltiplas análises já feitas e que ainda se farão.

Mais voltemos. Por compromisso profissional ou por interesse acompanho as campanhas eleitorais no Brasil desde a época do regime militar – a decantada ditadura. Nele, as eleições eram apenas legislativas, já que eram os generais que consagravam os próximos presidentes, limitando os acertos a um pequeno número de “eleitores qualificados”, com a população nada podendo dizer. Quando os militares deixaram o poder, a primeira eleição presidencial também foi indireta, só que agora sancionada pelo Congresso, que havia sido eleito pelo voto popular, embora ainda fosse fruto de uma eleição feita sob a égide dos militares.

Na primeira experiência de eleição democrática – a última havia sido em 1960 – os brasileiros que, em sua maioria ainda não tinham votado para Presidente escolheram Fernando Color de Mello, apeado do poder devido a um processo de impeachment. Saiu Color e entrou Itamar Franco, que era o seu vice. Começamos, de fato, a época da democracia, com a substituição de Presidente sendo feito respeitando-se todas as formalidades legais e sem atropelos. É de Itamar Franco a invenção do Plano Real, que catapultou Fernando Henrique Cardoso à Presidência com uma vitória no primeiro turno.

A partir da eleição de FHC já passamos por cinco novas eleições ao longo de 20 anos e, nelas, se olharmos a história e os números de votos de cada eleito constatamos que as diferenças foram maiores e que, nem de longe, houve a polarização da eleição deste ano. E foi esta polarização que, em determinados momentos, chegou a ameaçar a reeleição da presidente Dilma Roussef e deixou-nos a todos no suspense até que o Tribunal Superior Eleitoral divulgasse os primeiros números da apuração. O que vimos é que a polarização chegou a tal ponto que as posições deixaram de ser razoáveis, com discussões de tom elevado e bastante xingamento entre partidários dos dois candidatos, com a mídia social tendo um papel se não central, pelo menos muito destacado na campanha.

Concluído o processo temos um quadro que mostra o país dividido. De um lado, as regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste. Do outro, o Nordeste e o Norte. O desafio agora é voltar a unir novamente este país, atendendo a apoiadores e críticos e transformando o belo processo democrático em um benefício para todos os brasileiros. A presidente Dilma ganha uma nova oportunidade, mas certamente vai governar sob lentes muito mais críticas do cidadão.

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