SOMOS TARADOS POR SEXO?

No Brasil e muito principalmente no exterior o brasileiro é tido como altamente sexual, chegando a ser mostrado como só pensando naquilo. Lá fora contribui muito para isso as imagens sensuais de mulatas esculturais e (quase) nuas desfilando no carnaval ou vestindo minúsculo biquínis nas ensolaradas praias de todo o país. Aqui, principalmente entre os homens, o sexo é visto como um ícone, transformando-se em questão de afirmação e, muitas vezes, de gabolice masculina, alinhando conquistas e relações que podem ser tanto reais quanto imaginárias ou, no mínimo, muito aumentadas.

Mas se o imaginário é assim, como será mesmo a realidade? Será que ela confirma o estereótipo de latim lover que os brasileiros tem? O que você acha? Diria que a imagem é verdadeira ou que é falsa? Pois foi exatamente este o assunto de uma pesquisa publicada pelo jornal A Tribuna, de Vitória. O resultado, no meu entender, foi mais do que surpreendente pois revelou que tanto entre homens quanto entre as mulheres 50% confessam que não se sentem atraídos pelo sexo. Ou pelo menos não tem vontade de praticá-lo. Surpresa, não?

O trabalho não é de pesquisa de opinião, como as de popularidade política ou de preferência, mas envolveu nada menos do 8,3 mil pessoas, metade delas homens e a outra metade, ou um pouco menos, de mulheres. Embora 95% dos participantes afirmem que o sexo é importante, metade dos entrevistados confessa que não tem disposição de praticá-lo. Imagino que a cena seja mais ou menos aquela de a mulher dizendo que está com dor de cabeça ou o homem inventando uma outra desculpa. Ambos querem uma única coisa: fugir do sexo. Ou pelo menos de praticá-lo juntos.

A pesquisa revela outras curiosidade – pelo menos do lado dos que gostam e praticam sexo. Os homens, por exemplo, afirmam ter em média três relações sexuais por semana, uma média considerada muito saudável pelos especialistas no assunto. Só que, do lado das mulheres, a contagem é diferente, ficando em apenas duas vezes. A se confiar nos números, os homens talvez estejam exagerando, pois as mulheres informam uma frequência menor do que eles e como não existe relações sexuais sem que os dois lados estejam envolvidos, ou alguém está superestimando sua atuação ou as mulheres estão escondendo o jogo.

Um outro dado que achei curioso é sobre o exercício sexual. Será que, nele, o amor está envolvido? Pode ser que sim, mas entre os homens nada menos do que 75,8% afirmam que são capazes de praticar o sexo só pelo sexo, sem envolvimento emocional nenhum com a sua parceira. No caso das mulheres, o número desaba e apenas 43% delas dizem ser capazes de fazer sexo por sexo. Será que são mais românticas e precisam desse romantismo para que o sexo funcione? A pesquisa não diz, mas acredito que, na cultura brasileira, fazer sexo para o homem é uma obrigação, até uma forma de afirmação, de se mostrar. E isso não ocorre com a mulher, que também o faz, mas exige algo mais do que o físico somente.

Ah, uma coisa que não disse: Quando a pesquisa aponta o fato de tanto homens e mulheres dizerem que não tem vontade de fazer sexo não quer dizer que não o façam. Neste caso está a motivação para a sua prática. Como dos dois lados esta é uma atividade importante, as dores de cabeça e as outras desculpas acabam ficando de lado e o sexo acaba rolando. Trata-se, neste caso, de sexo por sexo. E, nele, os homens são – ou pelo menos se dizem – campeãs. Mas as mulheres também participam, em menor número, mas participam.

No final, acho que os números mostram que o brasileiro não pensa tanto assim em sexo, embora o julgue importante. Se metade dos homens e mulheres não sentem vontade de praticá-lo, acho que a nossa imagem de campeãs sexuais fica meio comprometida. Depois de ler a pesquisa fique pensando em conversas em que homens listam casos, gabam-se do seu desempenho e dizem que não são capazes de ficar um dia sequer sem sexo. Se antes já desconfiava disso, agora fiquei com a certeza que as coisas não são bem assim.

E você, o que acha dos números? Será que somos, mesmo, campeãs ou nem tanto? A imagem que vendemos aparentemente – e novamente a se crer nos números, que acho sérios – não corresponde à realidade do que vivenciamos. Latin lover? Quem sabe. Para os que praticam, talvez sim. Mas e os que não estão interessados, como seriam classificados?

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