PARA QUE SERVE UM POLÍTICO?

Pessoalmente, considero a política essencial. E é por assim pensar que o blog tem uma categoria chamada Política. Nela, ao longo da existência dele, tenho falado sobre vários assuntos ligados ao tema, sejam eles locais, nacionais ou internacionais. Considero que a discussão em torno da política importante, já que, em um regime democrático, se ela não for bem exercida, não teremos, mesmo, uma boa democracia. Neste sentido, os políticos refletem o que querem o eleitor. Afinal, se estão onde estão é porque foram eleitos e para o serem um bom número de cidadãos votou neles.

A democracia representativa pode não ser um bom regime, mas certamente não existe um melhor do que ele. Pelo menos até agora ninguém descobriu um. O que deveríamos fazer é, no caso das eleições, escolher representantes que estejam à altura de suas responsabilidades. Mas será isso possível? No caso do Brasil é um pouco difícil, afinal temos de um lado o político que promete o que sabe que não vai cumprir e, do outro, o eleitor que na hora de votar olha do seu lado pessoal, sancionando ações que, em outras circunstâncias, seriam condenadas. Veja-se a propósito disso um livro fundamental que é A Cabeça do Brasileiro.

Neste aspecto, há uma faceta a considerar, que é como o eleitor, que vota e escolhe, vê o político. Daí a pergunta: Para que serve um político? O que você ou eu diríamos certamente será muito diferente da maioria dos eleitores. Mas, aqui pra nós, você já recorreu a algum deles para conseguir alguma coisa? Um emprego? Ser atendido em um órgão público? Usou a influência política em algum sentido? Aposto que, até de forma meio envergonhada, muitos dirão que sim. E se o fizerem, por menor que seja este número, vale a pergunta.

O sentido da questão é olhar a atuação do político e o seu papel do ponto de vista do eleitor. Foi o que fez, neste último final de semana, o jornal A Tribuna, de Vitória. A publicação percorreu gabinetes de Deputados e Vereadores levantando os tipos de pedidos que cada um recebe. Achei a matéria interessante exatamente por expor um outro lado da moeda, que é a utilidade que o eleitor vê em quem vota e, como mostra a matéria, ele é basicamente utilitário, querendo benefício direto, seja para ele, seja para alguém próximo.

Tem gente que pede ajuda para a lua de mel. Outros, para pagar contas. Uns terceiros, querem emprego para um filho ou um parente. A repetição é uma constante e gira, sempre, em torno de benefícios pessoais ou para familiares. Nenhum dos casos levantados pelo jornal mostra pedidos para uma comunidade, uma ação coletiva. Não é, acredito, que não exista. Sei de casos de o coletivo se sobrepor ao individual, mas este é a constante dos pedidos feitos aos parlamentares, seja em nível estadual ou municipal. Acredito, também, que é o mesmo em relação aos parlamentares federais, sendo que, no caso deles, como estão em Brasília, é mais difícil de serem acessados.

Temos o costume de reclamar dos políticos. Acho que, em muitos casos, a reclamação é válida e que eles poderiam atuar de forma diferente. A grande pergunta, no entanto, é: será que se fossem diferentes se elegeriam? Uma pequena parcela, que recebe o chamado voto qualificado, sim. Mas a maioria, não. E é nesta maioria que está o espelho do eleitor. Quando vota, ele o faz não pensando no benefício público, mas em como tirar vantagem do eleito. Será que ele vai lhe ajudar? Pode arranjar um emprego para um filho? Tem como influenciar junto a um órgão público? Pode, enfim, quebrar um galho, facilitando sua vida? E muitos chegam mesmo a pedir dinheiro, seja para pagar dívida, seja para patrocinar um evento ou custear, como o jornal apontou, uma lua de mel.

Entendo que o político, como representante do povo, tem de olhar o coletivo, não o individual. Ele é eleito para acompanhar o que o Estado está fazendo, fiscalizar, criticar e contribuir para a melhora da administração e gestão públicas. Nas suas ações deve, sempre, olhar o interesse da maioria, apoiando as medidas que irão beneficiar este maioria. Pode, sim, olhar com cuidado para a comunidade ou áreas que o elegeu, tomando ações que as beneficiem, mas sempre de modo coletivo. Acho que todos concordam que, se agissem assim, os políticos não seriam tão criticados.

O que acontece, no entanto, é que o eleitor não quer isso. Ele não se importa com o todo, embore reclame do mau atendimento na saúde, da falta de segurança, da inexistência de escolas, da precariedade dos transportes. E diz querer que tais deficiências sejam supridas. E deve mesmo querer. Mas, antes do todo, vem o individual. Quando vai ao político, quando decide votar em um deles, quando aceita apoiar um candidato, pensa primeiro nele próprio e no proveito que pode tirar da eleição. A relação, como disse, é utilitária: eu voto, você me beneficia. E este tipo de relacionamento ficou mais do que claro na matéria publicada por A Tribuna.

E então, para que servem um político? Para a maioria dos eleitores, que é que os elege, o deputado e o vereador existem, primordialmente, para atendê-los e aos seus requisitos pessoais, familiares e aos seus interesses. E por pensaram assim é que elegem que está ocupando as vagas de Deputado e Vereador. A mudança, como frisa muito bem Alberto Carlos Almeida no livro acima citado, isso só vai mudar no dia em que os eleitores mudarem. E para que isso ocorra educação é fundamental.

O que não vai mudar, com um povo bem educado e informado ou não, é o fato de o eleito ser o espelho do eleitor. E como um espelho reflete uma imagem, no dia em que o eleitor mudar, o político também mudará. O que temos de fazer, então, para obter uma resposta satisfatória para a pergunta não é só criticar os políticos, mas agir no sentido de mudar o eleitor. Esta é uma ação prioritária, mas de médio prazo.

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