ALIENS E O MEDO DO DESCONHECIDOS

Sou aficcionado da ficção científica, principalmente dos livros que criam novos mundos, vindos inteiramente da imaginação, ou que usam uma temática mais psicológica para discutir as relações dos humanos com os “aliens”, que em muitos poucos casos são apresentados como amigáveis, dispostos a conviver com a raça humana sem problemas. No mais das vezes – pelo menos no que li – há sempre uma disputa e os humanos estão sempre tentando evitar uma dominação. É o caso dos dois últimos livros que li. Ambos falam da relação dos humanos com aliens e da luta para evitar que tomem a Terra ou a destruam.

A luta com aliens vem ao encontro do que vemos no noticiário quando se trata de OVNIs e outros objetos, comumente chamados de “discos voadores” que, pretensamente, visitam a Terra. Os relatos são, quase sempre, de atitudes hostis, com sequestros, abdução e experimentos, com quem é “sequestrado” ficando marcado para o resto da vida. Aqui, de certa forma, ficção se encontra com os relatos das aparições e, os dois, nos dão um relance de como nós nos relacionamos com o desconhecido, com o que não convivemos. O que a ficção faz, na verdade, é explorar o medo humano do que não conhece e, a partir dele, construir cenários de embate entre raças opostas.

Não gostamos de mudança. E também não gostamos de enfrentar o que não conhecemos. Defrontar-se, mesmo que na ficção com algo que é uma possibilidade, que é o encontro de outra inteligência, nos deixa temerosos. Os autores, conhecedores deste temor, exploram o lado psicológico que gera o desconhecido e, a partir dele, constroem cenários onde os aliens estão sempre querendo dominar a Terra, destruir ou escravizar os humanos. E o que fazemos? Normalmente, agimos como sempre: contra-atacamos e destruíamos o inimigo. A ficção está cheia deste tipo de conflito e, aqui, não é apenas a ficção científica.

A ficção, se sonha com mundos diferentes, com aliens que nos encontram ou que encontramos, não foge muito do que acontece na Terra, na vida real. O desconhecido sempre traz insegurança, o que alguns superam, mas outros, não. Se este desconhecido traz, também, mudança, as coisas ficam ainda piores, pois não gostamos, nada mesmo, de sair de nossas zonas de conforto, repetindo o que fazemos e nos movimentando em um ambiente que conhecemos. Um pequeno exemplo pode ser dado com a simples mudança de emprego. Por mais que sejamos confiantes, sempre guardamos algum temor e o que gera é o fato de sairmos da zona de conforto e enfrentar algo que ainda não conhecemos.

A ficção científica, ao contrário do que muitos pensam e afirmam, guarda, sim, relacionamento direto com a realidade. É dela que o autor parte para construir o seu cenário, estabelecer a trama e explorar os sentimentos humanos. Os personagens agem, então, como agiriam as pessoas na vida real. Pode ser até que haja exageros – e eles existem, mesmo – mas o certo é que, se olharmos a ficção científica do lado psicológico, veremos que ela representa os humanos como são e é explorando seus medos, temores, guerras, relacionamentos é discutem as questões que nos afetam.

A ficção, no final, é apenas um cenário para discutir as coisas humanas. E uma das principais, sem dúvida, é o medo do desconhecido, o desconforto que uma situação nova nos traz.

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