UMA MUDANÇA DE MENTALIDADE

Por obrigação profissional tenho tido nos últimos tempos contatos diretos com vários políticos, sobretudo aqueles que estão à frente de municípios do Espírito Santo. Nas conversas de que tenho participado, tenho ficado agradavelmente surpreendido ao ver que há, entre estes gestores, uma nítida mudança de mentalidade, se os compararmos com os responsáveis pela direção de municípios até há algum tempo. O que tenho visto é a preocupação efetiva de voltar a gestão para o atendimento do cidadão, procurando formas de melhorar a sua condição de vida e fazendo isso com investimentos que vão da infraestrutura à educação à saúde.

Quem frequenta este espaço, mesmo que de forma mais esporádica, sabe que uma das minhas preocupações é a Política, assim mesmo, com P maiúsculo. E tanto o é que temos uma categoria chamada Política. Nela, ao longo dos meses, sempre acabo abordando aspectos que considero interessante, começando pela admissão da má figura pública que os políticos tem, mas sem deixar de reconhecer que a política é fundamental e que o regime democrático e representativo pode não ser o ideal, mas ainda o melhor que temos. Outro fato já aqui discutido é o da participação. E como afirma um amigo meu, se você não participa de uma decisão, alguém irá decidir por você. Então, quando se fala de política, a participação é fundamental.

Mas deixemos o lado filosófico da questão e voltemos à sua prática. O que víamos, até há algum tempo, eram discursos demagógicos, que tudo prometiam, mas que não entregavam nada. Ainda temos este tipo de político, aquele que se vale da expectativa de uma ampla camada da população e se aproveita dela para chegar a um posto e, nele, tratar dos seus próprios interesses. Mas de outro lado existem, também, políticos que se portam de forma diferente, que concorrem a cargos eletivos sem prometer ao eleitor que ele terá o paraíso, sabendo das dificuldades que irá encontrar e, eleito, agindo no sentido de superá-las. E se não consegue chegar ao ideal – até porque ninguém consegue – faz uma gestão austera e trabalha para que os recursos públicos sejam efetivamente empregados em favor do cidadão/eleitor.

O que está acontecendo? Pelo que tenho lido – e agora experimentado – em vários cantos do Brasil os governantes tem adotado novas atitudes. No Espírito Santo, que é a realidade que vivo, em menos de oito anos, saímos de um caos administrativo e de uma inércia totais para um estágio de crescimento acelerado, um dos maiores do Brasil, com investimentos significativos em todos os setores, principalmente no social, cujos índices de melhoria estão entre os maiores do país. O reflexo do Estado, cuja gestão se mostrou vitoriosa, acabou, no meu entender, influenciando as gesteis municipais. Os eleitores se espelharam na administração estadual e acabaram por escolher dirigentes que tem foco semelhante, que concorrem não para trabalhar para eles, amigos ou família, mas para gerir em nome da maioria e fazer o que é bom para ela.

Os exemplos, no caso do Espírito Santo, tem se multiplicado. E graças a isso vemos gesteis municipais, mesmo em municípios menores e com menos recursos, fazendo administrações que podem ser chamadas de corretas e competentes. Acho que isso mostra uma mudança significativa na ação política e desfaz a impressão de que todos os políticos são corruptos, que estão nos cargos apenas para se beneficiarem e aos mais chegados a eles. O que acontece no Estado é a união de duas vertentes. A primeira, o exemplo do Governo Estadual, e a segunda o despertar do eleitor que ele pode, sim, ser decisivo nos destinos da sua comunidade, pois tem o poder de escolher entre os candidatos e, dentre eles, pode eleger aquele que vai agir no sentido coletivo, não individual.

Esta mudança de postura, dos governantes e do eleitor, tem levado à reeleição dos que fazem gesteis corretas e competentes, e à derrubada daqueles que não conseguem isso. Com o sucesso das gesteis estadual e municipais o eleitor está, também, sendo educado para votar, para escolher. E isso, no final, acaba refletindo em todo o espectro da política, indo do vereador, que representa os eleitores no âmbito do Executivo Municipal, aos Deputados Estaduais, Deputados Federais e Senadores. Com isso o Espírito Santo está livre dos problemas que vemos, por exemplo, no Congresso? Não. Eles ainda existem, mas em muito menor número e volume do que no âmbito federal. E isso graças a esta mudança de postura dos governantes e governados.

O Estado evoluiu. Seus dirigentes mudaram, levando à mudança nos municípios e fazendo o eleitor ver que, com o seu voto, ele é o agente da mudança. Isso não teria sido possível sem a política e, nela, a participação, incluindo-se aí a discussão dos problemas locais e meios de resolvê-los, é essencial. Graças ao voto os capixabas estão mudando o Estado e a forma como ele e suas comunidades são geridos. É o mais claro exemplo da importância da política e da participação de todos os cidadãos nela.

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