Hoje, com a presença na Internet, a privacidade é sempre muito relativa

SEGURANÇA E PRIVACIDADE? NÃO!

A divulgação de documentos secretos da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos – NSA, na sua sigla em inglês – nos colocou diante da evidência que a privacidade de todos aqueles que usam a internet depende, em primeiro lugar, de não haver espionagem, seja dos Governos, seja de empresas que nos rastream, colhem e arquivam os mais diversos dados. Em uma era em que todos estamos interligados, a privacidade tornou-se uma coisa muito relativa e nem este foi, no princípio, o objetivo de quem imaginou uma rede distribuída pelo mundo, sem um centro e com capacidade de continuar funcionando, mesmo que um de seus centros fosse atacado.

Estávamos vivendo o início da guerra fria e a internet, no seu conceito, nasceu para ser distribuída, não centralizada, não ter uma autoridade central, mas vários pontos que poderiam ser interligados, de forma que mesmo diante de um ataque nuclear, continuasse funcionando. A ideia militar era dispor de informações em quaisquer circunstâncias e é isso, também, que quem usa a rede hoje busca. Nela, tem de tudo. Basta procurar para achar e nesta busca se incluem nossos dados pessoais, as comunicações que fazemos e o que dizemos em nossos blogs, emails e outros tipos de mensagens.

Então, qual é a lição que aprendemos com a divulgação dos documentos da NSA? Que existe espionagem entre Governos? Isso é feito desde que nos reunimos em grupos, com interesses diferentes. Então, não é novidade, nem uma nova lição. Se olharmos a questão do lado da privacidade, é ilusão pensar que a temos. Somos nós, em primeiro lugar, que fornecemos nossos dados para sites de relacionamento, emails diversos, sites de compras e vai por aí afora. E isso tudo sem levar em conta as centenas, milhares de cookies que estão colhendo dados de nossa navegação na internet.

No que se refere à segurança, é outra coisa. Mas é certo que, hoje, ela é muito relativa. Veja-se uma das últimas notícias da área de tecnologia envolvendo a quebra de senhas, o meio que usamos para resguardar nossos dados. Um programa desenvolvido por hackers já é capaz de quebrar senhas com até 256 caracteres, o que é uma segurança absurda. Antes, ele só conseguia decifrar senhas de até 15 caracteres. Nos dois casos, envolvem a descoberta não só de senhas simples, como datas de aniversários, mas das mais complexas, que tem letras maiúscula, minúscula, símbolos e números. Se você quiser testar o programa está disponível na rede. É só procurar que acha.

Refletindo sobre toda a celeuma criada pela divulgação dos documentos da NSA, o que me ocorre é que tornando límpido que o Governo dos Estados Unidos espiona todo mundo – o que também fazem os outros Governos – o que estamos fazendo é acabando com a hipocrisia. Todo mundo medianamente informado sabe que, ao se ligar à internet, está abrindo mão de sua privacidade e correndo riscos de segurança.

O que vinha acontecendo, até agora, é que todos fingiam que existe segurança e privacidade. Os documentos da NSA mostram que não. Tais coisas, em um mundo interligado, não existem. Agora, ninguém pode dizer que não sabia.

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