Próximos do clone

Quão próximos estamos do clone humano? No exato momento em que faço esta pergunta, em algum lugar do mundo, alguém pode já ter clonado um ser humano. Pode parecer assustador, mas as técnicas que permitiriam esta clonagem existem e estão à disposição dos cientistas. O que eles precisam é de um mínimo de equipamentos e de condições, que podem ser oferecidas, por exemplo, por um bilionário desejoso de se fazer perpetuar.

A clonagem humana, como admitem os cientistas responsáveis, é uma questão só de tempo. O que se discute, hoje, não é se é possível clonar um ser humano, mas se isso é ético e que tipo de benefício traria para a ciência. A questão não é científica, mas somente de fundo ético, sobretudo devido às implicações que a clonagem pode trazer.

Já que é paci­fico que a clonagem é possível e pode ser feita, o debate se desvia para o seu resultado. O que o homem estará fazendo, dizem os que se preocupam com o problema, é bancar Deus, recriando a criação. Há, deixando de lado a questão da deidade, um aspecto que é relevante: um clone pode ser igual ao clonado, pelo menos quanto ao DNA, mas será idêntico no resto?

A ciência sabe que o ambiente é responsável por boa parte da personalidade da pessoa. Assim, uma criança cresce e se forma com base na convivência com os pais, com os amigos, vendo televisão, indo à escola, se divertindo. No final, juntando tudo o que ela passou na infância e juventude, está¡ formada sua personalidade.

É o mesmo que vai acontecer com um clone. Ele pode ser idêntico ao seu “pai”. Mas, quando adulto, será¡ muito diferente dele, graças às influencias que vai sofrer ao longo da vida. Quando for adulto, será, na certa, muito diferente do “pai”,  já que terá passado por experiências que ele não viveu e viver¡ em um mundo que é muito diferente.

Embora a ciência saiba que parte do comportamento humano é determinado geneticamente, sabe, também, que a maior parte do que o homem adquire ao longo da vida é fruto do ambiente em que vive. Se a genética fizesse tudo, filho de gênio seria gênio. E não é isso o que acontece.

Um adulto é resultado de uma longa experiência, que começa no nascimento e só se encerra na sua morte. Um clone, no caso, terá experiências completamente diferentes ao longo de sua vida. Portanto, o resultado não será igual ao de quem ele foi clonado. Isso acaba com a possibilidade de reprodução perfeita do ser humano. Um clone é um clone, mas não será, tirando o lado biológico, igual àquele de quem foi copiado.

O que fica claro é que a clonagem não vai criar cópias perfeitas de quem foi clonado. Do ponto de vista do DNA, sim. Do ponto de vista humano, não. Portanto, ninguém deve ter pesadelos com a produção em série de pessoas. Uma história de milhões de anos nos prova que isso não é possível.

Compartilhe:

Twitter
Facebook
LinkedIn
Pinterest

Comentários estão encerrado.