PEDOFILIA E CAPITAL ELEITORAL

Desde o início que fique bem claro: acho a pedofilia uma das coisas mais condenáveis no ser humano. Sou daqueles que defendem não só a prisão dos pedófilos, como a sua execração pública. Acho que é uma forma de desestimular outros, que tenham esta tendência. Reconheço, no entanto, que sua existência tem uma longa história e que, em algumas épocas e circunstâncias, este tipo de comportamento – para mim abjeto – era não só permitido, mas louvado.

Não é o caso dos tempos pós-modernos. Aprendemos, ao longo de centenas de anos, que a criança e sua inocência devem ser preservados. E que nada de sexual deve envolvê-la, até que esteja pronta para aceitar as consequências de sua escolha. Desta postura, inculcada em cada um de nós, decorre o grande repúdio à  pedofilia, que desvirtua a criança e o adolescente colocando-o em um mundo onde não deveria estar.

Abjeta, como já disse, a pedofilia tem, mesmo, de ser combatia. Mas isso não significa sua transformação em plataforma política, em meio de ganhar visibilidade  forma de aparecer na mídia e, muitas vezes, no noticiário sensacionalista de televisões e jornais ditos populares. Por que digo isso? Por ver, nos últimos tempos, políticos se aproveitando do assunto para alavancar sua popularidade, para posar de bonzinho e conquistar os votos do cidadão. Afinal, as eleições se aproximam.

Um outro aspecto – principalmente no que concerne à  exploração política da questão – é a demonização que está se fazendo da Igreja Católica. O que se tem apresentado, mesmo que de forma subreptícia, é que os padres e, portanto, a igreja é pedófila. Sim, existem padres pedófilos. Estes devem ser punidos, não a instituição a que pertence, pois a maioria dos seus integrantes não se porta dessa maneira. O que se está fazendo é tomar o particular pelo todo e, em se tratando de instituições, essa não é uma boa prática.

Ah, de repente você deve estar pensando: Ele é católico? Não. Não sou. Também não sou evangélico, espírita, umbandista ou ateu. Simplesmente não sigo nenhuma religião. Talvez por isso possa ver, de fora, o movimento nitidamente político de exploração da pedofilia como capital eleitoral e a busca de colocar a Igreja Católica como centro dos pedófilos. O objetivo é claro: conquistar o voto dos evangélicos que, centenas de anos depois da reforma, ainda olham o catolicismo com desconfiança.

Sou daqueles que entendem que religião não se mistura com política. A fé é transcendental. A política, terrena. A fé trata da alma, a política centra-se no corpo e como mantê-lo. Fica difícil, seja qual for a crença, conciliar as duas coisas. Mas isso não quer dizer, em absoluto, que os vários credos religiosos tenham de ser apolíticos. Não, devem ter posições políticas, vendo-a institucionalmente, como um meio de proporcionar um bem maior.

Acho até natural que evangélicos votem em candidatos evangélicos. Afinal, buscam a identidade com aquilo que creem. E muitos políticos evangélicos tem ótima atuação nas casas legislativas e em cargos executivos. Assim como católicos, espíritas, umbandistas, ateus e agnósticos. O que acho estranho é que um político tente transformar a sua crença em capital eleitoral, buscando oportunidades como a questão da pedofilia para projetar-se, aparecer na mídia, provocar sensacionalismo e induzir posturas que, na verdade, não tem relação com a realidade.

O combate à  pedofilia deve ser permanente, não uma oportunidade eleitoreira. Como disse, não só defendo a prisão como execração pública dos pedófilos. Mas não posso concordar que um assunto tão sério, seja tratado eleitoralmente.

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