OUVINDO (UM POUCO D) O SILÊNCIO

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Pare. Feche os olhos. Desligue-se. Quantos sons naturais você ouve? Quais os sons que você ouve? Já notou que vivemos em um mundo onde o silêncio é o que menos conta. Estamos sempre cercados por algum tipo de barulho. São as vozes, longe e perto, que falam. É o motor do automóvel, o barulho dos pneus, os mais diversos sons. Todos eles, criados pelo homem, gerado por engenhocas que criou ao longo do tempo.

Estes sons não estão na natureza, não são naturais, mas são eles que nos rodeiam. Pense nisso e se pergunte: que sons naturais você ouve ou ouviu nos últimos tempos? Eu me fiz esta pergunta e descobri que, apesar de morar à beira praia, próximo a um local bem arborizado, o que ouço, quase sempre, são os sons artificiais.

Fechando os olhos posso ouvir os carros passando, o som de vozes, a música ao longo, o motor de um cargueiro ou de um pequeno barco, saindo ou chegando. Um pouco mais ao longe o ronco surdo das máquinas do porto de Tubarão. E um pouco mais perto, o barulho do elevador, gente entrando e saindo.

Chegando ao final do ano, cansado, estressado, resolvi que devia me abstrair dos sons não naturais e ouvir um pouco do silêncio que me cerca e ao local onde moro. O que descobri? O som dos grilos, fazendo sua sinfonia. Os sapos coaxando ao longo, os pássaros noturnos com o seu canto, o som do mar, batendo na praia, o vendo, balançando as árvores e abrindo o seu caminho E tudo isso estava bem próximo, ao meu lado.

Se antes e não os ouvia era porque não prestava atenção a eles. Os sons não naturais os sobrepujava e era estes que eu ouvia. Sabe o que aconteceu após a experiência? O cansaço se foi. A tensão sumiu. Minha disposição mudou. Descobri que posso me abstrair do barulho provocado e ouvir os sons naturais, produzidos das mais diversas formas. E que isso, além do mais, me desestressa e me acalma.

Foi uma nova experiência – e uma experiência nova. Na varanda, no escuro, de olhos fechados, pude ouvir à minha volta. Depois, abrindo os olhos, vi a lua, as estrelas. Senti o vento, ouvindo o farfalhar das árvores. E no meio delas, os grilos, os sapos, os pássaros. Ouvi, neste pouco tempo de silêncio, a voz da natureza. E foi uma ótima experiência. Foram momentos, mas valeram a pena.

Não virei místico. Não estou abdicando de tudo e virando natureba. Não tenho a pretensão de ouvir a terra. Não vou fugir da cidade. Vou continuar ouvindo os sons que nós, humanos, das mais diversas formas provocamos. Mas devo confessar que também vou, a partir de agora, ouvir um pouco do silêncio. E, nele, sentir que apesar de tudo o que fizemos a natureza continua presente.

AGRADECIMENTO

Em uma semana curta, com dois feriadões, o tempo será curto para se fazer tudo o que se faz em uma semana normal. E é por isso que, aqui e de público, quero agradecer a todas as manifestações de carinho recebidas, no blog e por e-mail.

Muito obrigado. Se blogar é criar uma comunidade, acho que o consegui e trouxe, junto com o blog, uma série de novos amigos. E é pensando na amizade que quero fazer este agradecimento.

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