OUTRO LADO DA CIDADE LUZ

Mendigos e pedintes, moradores de ruas, carros estacionados em locais proibidos, trânsito confuso, muita buzina, pedido de assinatura de listas, camelos, correria.

Olhando bem, parece que estamos em uma cidade brasileira, mas não é o caso. Tudo isso está em Paris. A Cidade Luz tem um outro lado de que ninguém – e muito menos os folhetos promocionais de turismo – falam, admitem ou divulgam. E, aparentemente – também como ocorre no Brasil – negros e muçulmanos tem trabalhos menos importantes do que os brancos: são atendentes em lanchonetes, fazem o serviço pesado e poucos são vistos em empregos de melhor qualidade. Há, entre os franceses e europeus, um enorme preconceito contra os imigrantes, mesmo que estejam há gerações no País, esquecendo o passado colonial da França.

Este outro lado pode ser visto, ainda, nos transportes coletivos. O Metrô, muito eficiente, quase sempre é limpo. O mesmo não acontece com o RER, o sistema de transporte que serve aos subúrbios de Paris. Os que usamos, eram sujos, pixados e lotados, destacando uma população que, normalmente, não se vê nas ruas, nas lojas e restaurantes: negros e muçulmanos, às vezes com os dois combinando. Os subúrbios são outra Paris. Podem ser bons, ocupados pela classe média, mas também podem ser verdadeiros guetos, onde se concentram as famílias que imigraram para a França ao longo dos anos e que não conseguiram escalar a escada social.

Existe, também, uma Paris diferente quando se trata de comida. No dia a dia, nas brasseries e cafés, não se vê os pratos elaborados da cozinha francesa, como nos é mostrado na TV e nas informações sobre gastronomia. Os pratos, normalmente, são simples, quase sempre uma carne acompanhada de salada e batata frita. Ou então, um marisco, como a Ostra, uma das preferencias locais. Para os locais que lotam os cafés e brasseries, o vinho é um acompanhamento quase que necessário. E esta postura, normalmente, também é adotada pelo turista,

O que é totalmente diferente do Brasil é o ritmo de atendimento nos cafés e brasseries. Normalmente, em uma casa lotada, com mesas na calçada, você tem dois ou trás garçons. Quem chega e senta pode se preparar para esperar bastante – comparado com o Brasil. O garçom tem o seu próprio tempo e, quase sempre, demora a atender, mas o pedido sai rápido. Depois, se quiser, você pode ficar no café o tempo que quiser que ninguém irá incomodá-lo. Podem até lhe trazer a conta, mas não há – como acontece muitas vezes por aqui – a cobrança para desocupar o lugar. Muitos pedem uma taça de vinho ou de champanhe, abrem o jornal, leem ou, então, conversam animadamente. É um outro ritmo.

Ah, e um detalhe final: a França está na contramão do mundo e é um país de fumantes, pelo menos nos espaços abertos. Nas ruas e nos café o que se vê são pessoas fumando e a consequência disso é a infestação de guimbas e tocos de cigarro nas calçadas, principalmente. É proibido fumar em locais fechados e isso faz com que grupos saiam do trabalho e fiquem na porta dos prédios fumando. E isso é tanto verdade para quem está na meia idade e começou antes das campanhas antitabagistas, quando para os jovens, que se viciaram depois dela.

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