OS EFEITOS DA PAIXÃO

Durante muito tempo não houve explicação para a paixão, um estado que nos diferencia, que nos torna até irresponsáveis e que se nos leva, de um lado, a viver um mundo de sonhos, pode nos colocar, de outro, em um mundo de pesadelos.  Não pela paixão em si, mas pelas consequências que ele gera ou provoca. O amor, ou a paixão, não era objeto da ciência, afinal não havia como medir sentimentos.

Bom, o amor ainda não é objeto da ciência, que não consegue explicar como ele acontece. Não sabe dizer como alguém se apaixona por outrem, como é consumido pela paixão, enlouquece, faz besteiras, banca a criança, perde o senso. Enfim, todos esses lugares comuns que acompanham a paixão e o amor desenfreado. Mas a ciência pode, sim, dizer como o corpo reage, como o sistema nervoso comanda as emoções e que reações a paixão provoca.

Será que com isso vão explicar a paixão? Não sei. O que sei – não por conhecimento próprio, é óbvio, mas por leituras – é que a partir de um encantamento o cérebro dispara uma série de comandos para o hipotálamo e ele começa a comandar a reação do corpo, produzindo a dopamina e nos colocando em estado de euforia, que nos torna capazes dos mais estranhos comportamentos, indo até o arrebatamento do sexo.

É o hipotálamo, diz-no a ciência, o responsável pelos comandamentos e reações a que a paixão nos leva. Se tomamos atitudes insensatas, é ele quem nos diz o que fazer. E funciona, aqui confirmando o ditado popular, como se fôssemos cegos. O amor, neste caso, cega mesmo. O ser racional que deveríamos ser se transforma em puramente emocional e para atender a esta necessidade o cérebro comanda e o corpo obedece, estabelecendo o encantamento.

Um dado curioso é que, confirmando o que dizia Vinicius, este não é um estado permanente, mas pode durar um bom tempo. Segundo os estudiosos, esse encantamento – ou será falta de razão? – que a paixão nos trás pode durar até mais de dois anos. É o período em que somos capazes de quase tudo para ficar com a pessoa amada, para satisfazê-la. É um período em que estamos totalmente subjugados.

Olhando a questão do lado cientifico, parece meio assustador que convivamos com a paixão. Se ela nos tira a razão, então não seria bom estar apaixonado. Se fôssemos seres simplesmente racionais, talvez isso fosse verdade. Como não o somos e a emoção representa uma boa parte do que somos e do que fazemos, é diferente e a paixão torna-se, pelo menos durante algum tempo, algo desejável, que todos gostaríamos de viver.

Como seres humanos, achamos este estado alterado bonito. E procuramos, homens e mulheres, chegar a ele, vivenciá-lo, até para, mais tarde, refletir sobre o que fizemos, reconhecendo que foi um grande amor, mas podendo concluir, também, que durante este tempo de enlevo, saiamos da linha, fizemos coisas estranhas, comportamo-nos como bobos e sucumbimos à paixão.

Sim. Fazemos tudo isso. Mas quem é que pode atirar a primeira pedra dizendo que não está sujeito a esta paixão? Pode ser estranha, concordo. Nem por isso deixa de ser algo formidável nas nossas vidas. Viver uma paixão é quase tudo o que queremos, não é mesmo? E enquanto dura é mesmo muito bom. Então, vamos deixar um pouco de lado o comportamento racional e sucumbir à paixão, ao amor desenfreado, ao comportamento juvenil.

No amor, vale tudo. E para atender à paixão, nos transformamos. E isso, pelo menos no momento de sua existência, é bom. Quem é que não concorda?

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