A MORTE EM UM COPO DE BEBIDA

Jovens são irresponsáveis. Este é um conceito comum com que jovens são tratados. Por terem pouca idade, são vistos como não tendo a mesma responsabilidade de quem tem alguns anos a mais. É nesta perspectiva que se justificam ações e comportamentos, condenáveis sob outros pontos de vistas, mas que são suportados por ser a pessoa jovem. Dentre um destes comportamentos está¡ o beber e dirigir. Provavelmente se você tem a minha idade, já¡ deve ter feito isso. Confesso que, quando mais jovem, bebi e dirigi inúmeras vezes, algumas das quais com crianças no carro, o que era uma temeridade maior.

Hoje, quando nos deparamos com o noticiário sobre acidentes automobilísticos, vemos que uma boa parcela deles – se não a maioria – é provocado por pessoas que beberam e, depois de o fazerem, insistiram em dirigir. Para quem bebe, parece tudo normal, mas em um determinado momento vem um cochilo, o atraso de um reflexo e, com eles, a possibilidade de morte ou de acidentes mais graves. A justificativa, no final, é a bebida, uma droga legal que mata, a cada ano, milhares de pessoas no Brasil – e também em outras partes do mundo.

Por que este assunto? É simples: imagine um jovem de 23 anos que não bebe e não fuma e que, constantemente, acompanha amigos a festas e baladas para, depois, trazê-los para casa. Pouco improvável? Talvez seja, mas é o caso de um sobrinho. Filho único de mãe solteira, criado em um ambiente bastante pobre, ele sempre teve comportamento exemplar e uma das coisas com que cresceu é que bebida, cigarro e drogas deveriam ficar distante do seu dia a dia, de sua prática. Saia, divertia-se, brincava, acompanhava amigos, mas nada de bebida, de drogas. Era o careta no meio de quem via uma ou mais cervejas como coisa natural.

Com toda uma vida pela frente – e nela, a esperança de uma mãe que tudo fez para que fosse um adulto responsável – este jovem morreu, no final de dezembro, em um acidente de carro. Ele havia acompanhado um amigo à balada e, na volta, traria o carro, garantindo a segurança de todos. O que aconteceu é que, na volta, o amigo – que, infelizmente, também acabou morrendo – mesmo tendo bebido acabou não permitindo que meu sobrinho dirigisse. Estava bem, segundo disse a outros colegas, e tomou o volante do carro para, poucos quilômetros depois, cochilar, encontrar um poste e, nele, a morte do meu sobrinho, ferimentos graves no motorista e em outra amiga, que os acompanhava.

Fatalidade? Destino? Não sei. Mas posso afirmar que houve imprevisão e que ela levou à morte de dois jovens que tinham todo o futuro pela frente. Constatamos, eu e minha família, que não é suficiente não beber, quando se trata de dirigir. Se alguém quer preservar sua vida é necessário que se recuse a entrar no carro, que chame um táxi, que tome qualquer outra providencia, mas evite sair com quem bebe, mesmo que seja uma quantidade mínima. Gostaria que o Vinicius tivesse feito isso. Infelizmente, não o fez. A consequência é que não o temos mais entre nós.

Foi-se uma vida em troca de um copo de bebida.

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