MUITO MAIS QUE UM ESPAÇO

Quando olhamos o mapa do mundo, de um ponto de vista plano, o que nos chama a atenção são as imensas áreas ocupadas por países como Rússia, China, Índia, Brasil, Estados Unidos e Canadá. E nestas áreas, imaginamos, vive uma população que fala uma só língua, se entendendo e preservando sua história, costumes, cultura. No Brasil, por exemplo, todos falamos português. Pode até soar diferente dependendo da região, mas todos se entendem. Certo?

Errado. A Unesco, organização das Nações Unidas que cuida da cultura, acaba de publicar um Atlas sobre as línguas faladas no mundo. Nele, descobrimos que aqui, do nosso lado, no Brasil, existem nada menos do que 190 diferentes línguas, algumas já extintas, outras próximas da extinção e ainda outras ameaçadas. São idiomas falados por pequenas comunidades, quase sempre dos habitantes nativos da terra – chamados de índios – que vão perdendo sua linguagem à medida da aculturação e da dominância de uma outra língua, neste caso o português.

A situação no mundo não é diferente. Tomemos o exemplo do início deste artigo. Nos Estados Unidos onde o inglês é a língua oficial e dominante, 191 línguas já desapareceram ou estão próximas da extinção. E é exatamente o inglês, segundo a Unesco, que ameaça várias outras línguas. Na Rússia o número é um pouco menor, mas nada menos do que 136 línguas já se extinguiram ou estão a caminho da extinção. Na China o número é maior, com 144 diferentes línguas ameaçadas ou já extintas.

Se olharmos o mapa mundi veremos que em maior ou em menor proporção isso ocorre na maioria dos países. O curioso é que onde vemos maior diversidade, como é a África populada por várias etnias, as ameaças são menores do que nestes grandes países. A dominância do inglês, do espanhol, do francês e até do português estão fazendo com que muitos idiomas acabem. A cultura, neste caso, é imposta pela língua dominante, restringindo a vida cultura dos pequenos grupos. No Brasil, isso acontece com os índios. Em outros países, com pequenas etnias.

Se juntarmos o Brasil, Estados Unidos, México, Canadá, Indonésia, Rússia, China, Canadá e Austrália, que são alguns dos maiores países existentes no globo, teremos mais de mil e cem diferentes línguas já extintas ou ameaçadas. É muita coisa, não existe dúvida. O que o mapa da Unesco mostra, no final, é que estamos perdendo a diversidade, ficando mais estandartizado, com um único idioma – e portanto, da cultura que impõe.

Se a unificação da língua, até chegarmos à dominância do inglês, nos traz facilidade de comunicação, ampliando a possibilidade de entendimento entre as pessoas, há nessa dominação um outro aspecto, que é a perda de identidade de grupos étnicos. A língua é base a manutenção de uma cultura e foi mantendo a língua, que consagrava suas tradições e costumes, que os judeus se mantiveram com um povo apesar da diáspora que os levou para várias partes do mundo.

Infelizmente, hoje o exemplo dos judeus, a se acreditar no que diz o Atlas da Unesco, não tem como prosperar. É apenas uma questão de tempo que os idiomas dominantes sufoquem as pequenas línguas.

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