DÚVIDAS SOBRE O SEXO

Sexo está se transformando em um assunto recorrente neste blog. Sobre ele já foram publicados alguns artigos – Somos tarados por sexo?, Será que é mesmo assim? e Com o sexo marcado no corpo, dentre outros – que abordam a questão, nem sempre de um jeito sério, mas sempre destacando o que diz a ciência, de um lado, e o comportamento das pessoas, de outro. E é nessa linha comportamental, mas que tem, também, muito de educação e de informação, que o assunto volta a ficar no foco. Há, em relação a ele, uma causa específica: a desinformação sobre o assunto.

Um dos tópicos – e neste como nos outros casos são os homens que estão envolvidos – é sobre ereção. Uma matéria publicada em um jornal local, de grande circulação, ouviu médicos sobre as dúvidas mais frequentes manifestadas por seus “pacientes” sobre o sexo. E a ereção é uma das campeãs, com perguntas – que não serão repetidas aqui – que tem o menor nível de informação. O que a matéria e os médicos destacam é que os homens tem problema para falar de sexo, principalmente quando se trata do seu desempenho. Não admite, muitas vezes, que tem um problema, como é o caso da ejaculação precoce, que atinge uma boa parcela deles.

Embora sejamos – pelo menos ao contar vantagens – campeões do sexo, somos analfabetos quando se trata de informações sobre ele. E isto chega ao ponto de homens pensarem que a mulher só tem orgasmo, prazer, com a penetração. Não sabem que há outros pontos muito mais erógenos, que podem ser explorados em benefício dos dois. Na maioria das vezes e por falta de conhecimento, fica-se no “vai ser bom, não foi?”, quase uma repetição da cópula do coelho, que dura segundos, não envolve prazer, mas pelo menos tem os sentido da reprodução, o que não ocorre com a espécie homo sapiens. Aliás, neste quesito, de sapiens não tem nada.

Aparentemente, as mulheres tem um pouco mais de informação, mas também e a se crer pelos relatos na reportagem, não são campeãs de conhecimento. Um dos dados que se destacam é o orgasmo feminino. Uma boa parcela das mulheres confessa que não o tem, não sabendo o que é prazer no sexo. E do outro lado, os homens nem notam. Afinal, se tem prazer, não se preocupam com a parceira, estabelecendo um relacionamento unidirecional, com a mulher sendo mero instrumento do desafogo sexual. Ou da afirmação masculina que, depois, sai espalhando que “comeu” não sei quantas mulheres, esquecendo-se que, neste quesito – para os dois lados – qualidade é muito melhor do que quantidade.

Tive um amigo, infelizmente já não presente, que tinha um livro com um título pomposo: Tudo que aprendi sobre sexo. Com capa dura, título em relevo, o livro despertava inveja em quem o via de longe ou que o pegava sem abrir. O meu amigo dizia que, nele, ao longo dos anos foi colocando tudo que aprendeu sobre os relacionamentos sexuais com inúmeras parceiras, desde sua adolescência, enquanto casado e, sobretudo, depois de ter se tornado viúvo. E nós que éramos seus amigos sabíamos que era mesmo um maranhão, que dificilmente passava um dia sozinho, mesmo que tivesse de pagar – e fez isso muitas vezes, de diversos modos – por uma companhia.

Sempre que alguém novo chegava ou se aproximava dele, o livro era exibido, despertando interesse e inveja. Sempre sorridente, meu amigo mostrava o livro, fazia charme sobre abri-lo o permitir que fosse aberto, alegando que revelaria muitos segredos, mas no final, acabava cedendo e o “novato” podia apreciar o que ele escreveu. Imaginem o que estava lá? Afinal, era uma vida bem agitada, conhecida por quem estava próximo ou por quem simplesmente o conhecia. Imaginou? Pois errou. O livro era totalmente em branco. A única coisa que tinha era um título, na capa. Conteúdo, nenhum. Era, na verdade, uma pegadinha e tinha por objetivo mostrar que os homens, pelo menos na ótica desse meu amigo, não aprendiam nada sobre o sexo, praticando-o mecanicamente e sem levar em consideração o outro lado.

Aparentemente, a liberação sexual que ocorreu a partir da segunda metade do século XX não mudou o panorama da ignorância. E podemos alinhar como uma prova disso a reportagem em que “pacientes” e “doutores” falam do assunto. No primeiro lado, dúvida, dúvidas e dúvidas… Do segundo, explicações que são mecânicas, mostrando que se pode proceder de outra forma. Será que adianta? O que sei e que ficou patente nos depoimentos é que existe desconhecimento, mas as pessoas não são desinformadas sobre outras coisas. Aparentemente, o que existe é uma espécie de tabu de informar-se sobre sexo. Prevalece, então, o velho machismo latino, com o homem podendo tudo e a mulher sendo apenas passiva.

Aqui, como em tudo na vida, informação é fundamental. Com ela, podemos aproveitar melhor não só o sexo, como muitas outras coisas. Deixando-a de lado, também colocamos a parte ótimas coisas da vida. E sem dúvida, sexo – com participação e correspondência – é uma delas.

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