DECIFRANDO OS PRÓPRIOS GENES

A cada dia a ciência dá mais um passo na direção de decifrar todo o genoma humano, o que feito irá permitir que indivíduos sejam tratados como únicos, com tratamentos e ações que foram feitas especialmente para cada um, diferenciando-o dos demais. A genética, a ciência e o que as duas tem feito tem sido assunto constante neste blog – A um passo da blindagem, Próximo de um mundo novo?, Preparando a eternidade e As ferramentas já existem, dentre outros – tanto pelo seu lado bom quanto pelos possíveis problemas que estes avanços podem nos trazer.

A ciência, já disse aqui, é neutra. O uso é que vai determinar como a veremos. As pesquisas, em princípio, são feitas, todas elas, no sentido de beneficiar os humanos, oferecer-lhes melhores condições de vida, torná-los mais saudáveis. É neste sentido que caminha uma pesquisa da IBM, sim, do grande fabricante de computadores. O que seus pesquisadores estão desenvolvendo, segundo a Wired, é um chip que combina genética com biologia e silício, de modo a “ler” o DNA e identificar seus problemas e isso feito da forma mais simples e rápida possível.

Ainda em desenvolvimento o “chip genético” – vamos chamá-lo assim – além de fazer uma leitura do DNA de forma rápida, permite que isso seja feito com baixo custo, levando-se em consideração os custos atuais de um sequenciamento. De acordo com os pesquisadores, cada sequenciamento ficaria na faixa de 1 mil dólares – algo em torno de R$ 1,8 mil no câmbio oficial – o que é muito, mas muito mais barato, do que os procedimentos adotados atualmente. Para se ter uma ideia o projeto do Genoma Humano, cujo objetivo é mapear todos os nossos genes, já gastou mais de 3 bilhões de dólares e ainda não concluiu o serviço.

O que os pesquisadores da IBM estão fazendo – artigo da Wired em inglês – pode nos trazer uma ferramenta que permitirá identifica o DNA de cada um de nós. Isso significa, em outras palavras, que o “chip genético” vai nos ler, mostrando como somos geneticamente falando, o que permitirá aos cientistas sabem que problemas temos e, com isso, por exemplo, desenvolver tratamentos que afetem somente o que temos, através das terapias genéticas. Estas, com o funcionamento do chip, irão evoluir e muito, transformando os tratamentos em pessoais, voltados para um caso específico, não fazendo-o de maneira genérica, como acontece hoje.

A “tradução” do DNA, como a Wired está chamando a nova iniciativa, pode ser vista como um passo adiante no combate às doenças e no caminho de uma saúde mais completa dos humanos. Mas tem, não tenho dúvida, um outro lado – e aqui entra a questão da neutralidade da ciência – que é de permitir medidas eugênicas, do porte das apresentadas, por exemplo, em Gattaca, um filme que trata da separação genética entre os que são perfeitos e os que tem defeitos.

Um exemplo prático é de se ter filhos. Como tê-los se passamos nossa genética e ela for defeituosa? Esta é uma das abordagens do filme que pode, muito bem, se transformar em coisa real. Sem dúvida, a leitura do DNA, identificando-o de forma mais rápida e mais barata permitirá que as doenças sejam melhor conhecidas e tratadas, mas oferecerá, também, a possibilidade do controle genético. Pode-se até argumentar que seria uma forma de aperfeiçoar a humanidade. Mas será isso correto? Estaríamos criando vários níveis de cidadania, uma coisa que os nazistas, com os seus programas eugênicos, tentaram fazer. E as coisas, como sabemos, acabaram como acabaram, em guerra e em extermínio.

Deixando de lado as implicações éticas e morais, o “chip genético”, se efetivamente desenvolvido, será um grande passo dado pelo homem no sentido de conhecer. E falo de um conhecimento genético, que mapeie o que é o, a partir daí, o que pode acontecer, inclusive com a possibilidade de adoção de medidas que previnam ou curem possíveis doenças. E isso será uma boa coisa. (Via Wired)

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