A MENTIRA NOSSA DE CADA DIA

Você mente?

Confrontados com essa pergunta a nossa resposta, quase de forma automática, é dizer não. De um modo geral as pessoas procuram dizer a verdade, pois como dizia um ditado antigo “a mentira tem pernas curtas”, significando que ela não prospera e não vai longe. Esta, no entanto, não é a questão. De um ou de outro modo, todos mentimos, mesmo que seja uma mentira caridosa. Quem, por exemplo, diz a outra pessoa que ela está morrendo? Ou, então, a uma criança que o remédio que tomará é ruim?

Este tipo de mentira, que poderíamos chamar de social, e que, na verdade, não faz mal a ninguém, é uma constante na vida dos humanos. Como seres sociáveis, evitamos dizer certas verdades, maquiando a situação e tornando a convivência mais fácil. Todos nós, sem exceção, fazemos isso. O intuito, aqui, não é provocar danos, mas evitá-los, mesmo que quem seja o destinatário da mentira saiba que não está ouvindo a verdade.

Mas e quando isso acontece em um consultório médico? Ah!, mas não se mente para os médicos? A verdade é que não se deveria mentir, mas uma ampla reportagem publicada em um dos jornais de Vitória, no Espírito Santo, mostrou que as mentiras são bem corriqueiras, escondendo-se sintomas, mentindo sobre comportamento, sobre alimentação, evitando discutir questões mais sérias e, depois, dizendo que o “doutor” não resolver o seu problema. Um dos pontos onde isso mais ocorre é no caso das dietas, sobretudo as que impõem limitação de doces.

Imagine, alguém ficar sem comer aquele belo pedaço de pudim. É impensável. Mas quem é que irá admitir isso para o médico que acompanha a sua dieta? Talvez alguém diga, mas este não é o comportamento normal. O que a reportagem aponta são mentiras muito mais danosas, com as pessoas escondendo sintomas e não falando sobre o que sentem, como vem se comportando, dificultando o diagnóstico, levando a uma série de exames e encarecendo a prestação da medicina. E isso, pelo que apontou a reportagem, ocorre tanto nos consultórios particulares, quanto no atendimento médico público.

No caso de uma transgressão alimentar é até entendível que haja uma pequena mentira. Mas e quando a questão é mais séria? Neste caso a cooperação das pessoas é fundamental para o diagnóstico e bom tratamento da “doença”. As pessoas sabem disso. E mesmo assim mentem.

Como entender o ser humano?

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